Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Sarkozy condenado a pena de prisão por corrupção

01 mar, 2021 - 13:26 • Redação

O antigo Presidente francês estava acusado de prometer cargos a um juiz em troca de informações sobre uma investigação à campanha presidencial em 2007. Nicolas Sarkozy, que vai recorrer da sentença, vai ficar detido em casa com pulseira eletrónica.

A+ / A-

O antigo Presidente francês Nicolas Sarkozy foi condenado esta segunda-feira pelos crimes por corrupção ativa e tráfico de influências, no âmbito do mediático caso das “escutas”.

Sarkozy foi condenado a três anos de prisão, com dois de pena suspensa, e já anunciou que vai recorrer da sentença.

Após este "julgamento extremamente severo" e "totalmente infundado e injustificado", Nicolas Sarkozy "está calmo mas determinado em prosseguir a sua demonstração de inocência", assegurou a advogada Jacqueline Laffont.

O antigo Presidente, que esteve presente na audiência, não foi detido e enviado para uma cela. O tribunal autorizou que permaneça em casa com pulseira eletrónica.

É o culminar de um processo que começou há seis anos, quando o antigo Presidente foi acusado de prometer cargos importantes a um juiz em troca de informações sobre uma investigação à campanha presidencial de Sarkozy em 2007.

Além de Sarkozy, foram também acusados pelos crimes o seu advogado, Thierry Herzog, e o juiz Gilbert Azibert. Os três foram acusados de terem combinado uma troca de favores entre Presidente e juiz: segundo a justiça francesa, Sarkozy e Herzog terão prometido a Azibert um cargo no Mónaco como consultor jurídico e pediram, em troca, que Azibert fornecesse informações sobre uma investigação separada em torno do financiamento ilegal da herdeira da L’Oreal, Liliane Bettencourt, à campanha presidencial de 2007 (campanha que acabou por ser vitoriosa).

O processo, conhecido em França como o caso das “escutas”, começou devido a conversas suspeitas entre Sarkozy e Herzog, gravadas entre 2013 e 2014. As escutas telefónicas foram feitas no âmbito da investigação ao tal financiamento ilegal à campanha de Sarkozy, mas acabaram por revelar a promessa de promoção para Gilbert Azibert.

Durante as escutas, Nicolas Sarkozy usou o pseudónimo de “Paul Bismuth”. Segundo a procuradora Celine Guillet, não havia dúvidas que Sarkozy tinha demonstrado intenções de corromper Azibert durante as gravações.

Os três réus negaram sempre as acusações. A acusação pediu quatro anos de prisão para o antigo Presidente (dois deles em prisão efectiva).

Com a sentença desta segunda-feira confirmada, Sarkozy sai do Tribunal de Paris como o segundo Presidente francês a ser condenado a uma pena de prisão, mas o primeiro a estar presente no julgamento e o primeiro por corrupção ativa – antes, em 2011, o seu antecessor Jacques Chirac fora condenado a dois anos de pena suspensa num caso de empregos fictícios, mas o seu estado de saúde impediu-o de comparecer em tribunal.

Investigações começaram após saída do Eliseu

Nicolas Sarkozy foi Presidente da França entre 2007 e 2012. Planeava estar pouco tempo fora do Eliseu, mas o ex-chefe de Estado viu-se rapidamente a braços com vários processos na justiça francesa.

A investigação sobre o alegado financiamento ilegal à sua campanha pela herdeira da L’Oreal não deu em nada e o ex-Presidente foi ilibado. Mas estão ainda por explicar os 50 milhões de euros transferidos da Líbia para a sua campanha de reeleição de 2012, quando o ditador Muammar Kadhafi ainda estava no poder.

Segundo a investigação do site Mediapart, Nicolas Sarkozy terá alegadamente aceitado uma doação que corresponde ao dobro do financiamento permitido por lei para uma campanha. A investigação jornalística deu o lugar a uma judicial, que levou a uma acusação formal em 2013.

Em novembro de 2016, antes das eleições presidenciais de 2017 em que Nicolas Sarkozy era candidato ao regresso à Presidência, o Mediapart publicou um vídeo em que um empresário franco-libanês confessava entregar a Sarkozy cerca de cinco milhões de euros numa mala.

[notícia atualizada]

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+