02 mar, 2021 - 15:10 • Liliana Monteiro
“Na última semana, o Gana e a Costa do Marfim tornaram-se os primeiros países [africanos] a receber doses de vacina através da Covax. Ontem, a Colômbia foi o primeiro país sul americano também a receber doses e hoje esperamos entregar em Angola, Camboja, Republica do Congo e Nigéria”, anunciou Thedros Adhanom, Director da Organização Mundial da Saúde, durante uma conferencia sobre progresso daCOVAX, uma iniciativa que junta esforços públicos e privados para um acesso global equitativo às vacinas covid-19.
Thedros Adhanom revelou que no total a Covax vai entregar 11 milhões doses esta semana e de hoje até maio serão 237 milhões as vacinas entregues a 142 países subdesenvolvidos.
“Isto é uma parceira nunca antes vista que não só vai mudar o curso da pandemia, como vai mudar a forma do mundo responder a futuras urgências sanitárias”, sublinhou o responsável pela OMS que alertou que “continuam a existir muitos desafios para ultrapassar, incluindo aqueles ligados à produção local de vacinas e à propriedade intelectual”.
As vacinas voltaram a ser destacadas como uma ferramenta poderosa, mas não a única. “Cada país deve continuar a usar todas as ferramentas, diagnósticos e terapêuticas, assim como medidas públicas. Estarmos todos juntos é esta a única forma de responder à pandemia, recuperarmos e reconstruirmos”, adiantou Thedros Adhanom.
A conferência de imprensa contou também com a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), parceiro-chave de distribuição e criação de condições para as vacinas.
Henrietta Fore, Directora Executiva Unicef junto da Covax explicou que é hora de começar a olhar para as crianças e as suas necessidades educativas. “Nas próximas semanas vamos começar a perceber como a pandemia teve impacto na vida das crianças. Vamos começar a fazer estimativa do número de crianças que ficaram impedidas de ir presencialmente à escola durante um ano”.
Esta responsável da UNICEF lembrou que a vacina em países subdesenvolvidos não significa apenas saúde. “Quando falamos de vacinas a chegar a países pobres temos de perceber que isso representa também esperança para as crianças que viram os direitos à educação e saúde roubados pela pandemia”.
A Directora Executiva Unicef diz que o momento é de esperança, “o programa de vacinas da Covax começa a cumprir a promessa de que o sol brilha para todos! As vacinas chegaram já a Àfrica, Àsia e América do Sul”, acrescentando, “isto é mais do que um bom momento da história, é um momento que fala sobre a nossa natureza social”.
A Unicef tem prestado apoio no terreno em vários países pobres. Desde a organização do plano de vacinação a meios que garantam condições para armazenar as vacinas, foram instalados em vários países Africanos, entre eles o Gana milhares de camaras frigorificas.
Henrietta Fore diz que “não há milagres na saúde pública, mas que estamos a assistir a um com os Cientistas empenhados a fazer o nunca antes visto” e deixou um apelo: “é preciso trabalhar em conjunto e pensar nos países mais pobres. Sector privados, governos e outros parceiros devem continuar a fazer mais e mais para que as novas gerações saibam o que o mundo pode fazer se atuarmos em conjunto. Estamos a fazer historia!”.
Também o responsável pela CEPI (Organismo que coordena investimento publico e privado para a aceleração de produção de vacinas) Richard HatChatt diz que hoje se produzem mais vacinas em 10 dias que nos primeiros meses de produção. Afirmou, “estou orgulhoso pelas primeiras vacinas a seguir para países mais necessitados serem da Astrazena. O trabalho ainda não está fechado e estamos disponíveis para apoiar novas vacinas contra as novas variantes”.
Durante o ponto de situação do programa Covax concluiu-se que produção de vacinas contra a Covid 19 está a ser feita em tempo recorde com centenas de milhares de doses a chegarem ao mercado nos próximos meses, sublinhando-se sempre que é hora de fazer mais e de não cruzar os braços.