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Estudante que denunciou professor francês decapitado admite que mentiu

09 mar, 2021 - 17:11 • Hélio Carvalho

Samuel Paty foi assassinado, em outubro de 2020, depois mostrar caricaturas do profeta Maomé durante uma aula sobre liberdade de expressão. Tudo começou com uma mentira por parte de uma aluna de 13 anos.

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A estudante cujas denúncias contra o professor francês Samuel Paty levaram a uma onda de indignação e à morte de Paty, por um extremista islâmico, admite que mentiu. Paty foi acusado de mostrar caricaturas de Maomé numa aula e a sua morte foi mais um episódio da luta contra o islamismo radical em França.

O testemunho da rapariga de 13 anos chegou agora à comunicação social francesa. A jovem admitiu que não estava presente quando Paty mostrou as caricaturas. “Eu não vi os cartoons, foi uma rapariga da minha turma que me mostrou”, disse.

O advogado da jovem, cujo nome não foi divulgado, defendeu-a e afirmou à agência France-Presse que “ela mentiu porque sentiu-se presa numa espiral, porque os seus colegas pediram-lhe para ser uma porta-voz”.

As denúncias da jovem levaram, na altura, o pai a apresentar uma queixa contra Samuel Paty, um professor de História que deu duas aulas em outubro de 2020 sobre liberdade de expressão. A queixa identificou o nome de Paty e a escola nos arredores de Paris, e espalhou-se nas redes sociais.

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Paty terá avisado os alunos que ia mostrar as caricaturas e, segundo declarações da aluna na altura, pediu aos alunos muçulmanos para abandonar a sala. A aluna argumentou que seria suspensa caso saísse, mas segundo o jornal Le Parisien, esta já se encontrava suspensa no dia anterior à aula que suscitou as queixas.

A rapariga terá dito no recente testemunho que mentiu para não desapontar o pai e este, em resposta, publicou dois vídeos nas redes sociais.

A família de Paty reagiu através do advogado, que criticou a mudança de atitude da família e acusou o pai de saber desde o início que a filha não estava na aula. “Vir agora e pedir desculpa por acreditar nas mentiras da filha, é realmente fraco”, disse o advogado à rádio RTL.

Pouco tempo depois da queixa se tornar viral, Samuel Paty foi assassinado brutalmente por um jovem de 18 anos, Abdullakh Anzorov, que gravou uma mensagem áudio onde garantia que tinha “vingado o profeta” Maomé.

Na sequência da morte do professor de 47 anos, a comunidade islâmica francesa prestou uma homenagem a Paty e o presidente da confederação francesa de imãs, o imã Hassen Chalghoumi, afirmou que “podemos discordar das caricaturas, mas nunca com violência, nunca com ódio”. Foram feitas também muitas homenagens por todo o país por Paty e manifestações contra a intolerância e o islamismo radical.

Imagens de Maomé são consideradas ofensivas pelos muçulmanos, e as caricaturas continuam a ser um tópico muito sensível em França, mais de cinco anos depois da morte de 12 pessoas nos escritórios do jornal satírico Charlie Hebdo.

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