09 mar, 2021 - 14:08 • Joana Gonçalves
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O ensino presencial está associado a um aumento do risco de infeção nos agregados familiares, revela uma investigação da Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Um inquérito online que contou com a participação de mais de dois milhões de norte-americanos, dos 50 estados do país, permitiu concluir que adultos que moram com crianças, especialmente estudantes do ensino secundário, em regime de ensino presencial, têm maior probabilidade de apresentar sintomas associados à Covid-19 ou testar positivo ao SARS-CoV-2.
A boa notícia é que a implementação de medidas de mitigação de contágio nas escolas pode reduzir o risco de infeção nas famílias em quase 100%.
De acordo com o mesmo estudo, que vai ainda ser submetido a revisão por pares, as escolas podem eliminar na totalidade o risco de infeção nas famílias, se implementarem, pelo menos, sete medidas de mitigação de um grupo de 14.
Cada medida está associada, em média, a uma redução de 9% na manifestação de sintomas associados à Covid-19, 8% na redução da perda de olfato ou paladar e um decréscimo de 7% na probabilidade de testar positivo à Covid-19.
“Mesmo quando os alunos estão infetados, o risco de manifestação de doenças graves ou morte entre adolescentes e crianças é baixo. Isto significa que um dos principais motivos para a preocupação com as escolas não é o risco para os alunos, mas o risco que a escola presencial representa para professores e familiares, bem como o impacto que pode ter sobre a evolução geral da epidemia”, escrevem os autores.
Os investigadores Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins identificaram 14 medidas de mitigação que podem reduzir em quase 100% o risco de infeção dos agregados familiares de alunos em regime de ensino presencial.
Os resultados do inquérito permitiram concluir que, nos casos em que foram implementadas sete ou mais medidas de mitigação, “os riscos associados à escolaridade presencial tinham desaparecido em grande parte, com ausência completa de aumento de risco com dez ou mais medidas mitigação em vigor”.
Os autores adiantam ainda que “o relatório diário de monitorização de sintomas, assim como a obrigatoriedade de uso de máscara para alunos e professores e o cancelamento de atividades extra-curriculares estão associados a maiores reduções de risco do que a média das restantes medidas”.
Em contrapartida, o encerramento de refeitórios, recreios e o uso de divisórias entre secretárias estão associados a uma menor redução do risco.
O Governo vai anunciar esta semana o plano de desconfinamento que, de acordo com a proposta apresentada na reunião do Infarmed por Óscar Felgueiras e Raquel Duarte, prevê cinco níveis de medidas e começaria pela reabertura em todo o país das creches e pré-escolar.