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Covid-19. 10 países detêm 80% das vacinas e farmacêuticas dificultam distribuição

11 mar, 2021 - 09:38 • Marta Grosso com Reuters

Entre os “mais sortudos” dos países africanos estão o Gana, a Costa do Marfim, o Quénia e o Congo, que começaram a administrar as primeiras doses esta semana. Muitos outros só começarão a vacinar em 2022.

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Apenas 10 países no mundo respondem por quase 80% das doses, enquanto 120 nações (de um total de 193) ainda não receberam uma única, apontam os Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Está em África a maioria dos países sem acesso às vacinas. E os contágios continuam nos países em desenvolvimento, tal como os registos precários e a pouca cooperação de alguns governos, o que dificulta a elaboração de um mapa concreto de suas necessidades.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), África soma 3,9 milhões de casos positivos acumulados (principalmente no Norte e Sul do continente), 3,4% dos casos globais e 73.535 mortes, num total de 1.200 milhões de habitantes – o que pode ser reflexo da falta de dados precisos se compararmos, por exemplo, com a deteção de 40 milhões de casos na União Europeia (34% do global), num total de 890.240 óbitos, tudo isto numa população de 446 milhões.

Países açambarcam stocks

O primeiro problema, segundo os Médicos Sem Fronteiras, é que os países que deram dinheiro à Covax – a iniciativa liderada pela UNICEF e outras organizações, para promover o acesso igualitário às vacinas contra a Covid-19 – são os mesmo que esvaziam o stock de vacinas, contratando toda a produção.

Quando um laboratório anuncia a expansão da capacidade de fabrico, estes países contratam logo mais para seus cidadãos.

Ou seja, o obstáculo não está no preço das doses, porque o dinheiro existe, mas sim no facto de os países mais desenvolvidos não deixarem doses “grátis” para entregar aos mais pobres.

Cláusulas abusivas impedem doação

Por outro lado, as empresas farmacêuticas estão a impor cláusulas abusivas nos contratos. Segundo a Médicos Sem Fronteiras, há alguns pontos nos contratos que proíbem os governos que compraram as vacinas de as doar ou revender diretamente aos países que delas precisam.

Para tal, devem consultar o fabricante e é o laboratório que dá luz verde à doação ou revenda.

Estes países são exceção

Seychelles e Marrocos são as grandes exceções à fraca vacinação nos países africanos.

No arquipélago do Oceano Índico, já foram administradas 83,1 doses por 100 habitantes. As Seychelles têm uma população de 96.000 habitantes.

Marrocos, com uma população de mais de 35 milhões de habitantes, adiciona 12,5 doses por 100 pessoas.

Além destes, houve outros países que, nesta semana, iniciaram o plano de vacinação contra a Covid-19: Gana, Costa do Marfim, Quénia e Congo.

Mas muitos outros só começarão a vacinação em 2022, devendo concluir o plano, segundo as estimativas mais otimistas, em 2024.

A entrega de vacinas sob o programa Covax começaram em fevereiro e a maioria dos países da África já se inscreveram.

O programa visa distribuir meio milhão de doses iniciais da vacina Oxford-AstraZeneca em todo o mundo, com o objetivo de fornecer dois mil milhões de vacinas até o final de 2021.

Desse total, a OMS afirma que 600 milhões de doses serão para a África, o suficiente para vacinar pelo menos 20% da população.

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