22 mar, 2021 - 13:36 • Hélio Carvalho
O antigo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sempre foi adepto das redes sociais. Foi através delas, especialmente do Twitter, que lançou ataques a opositores e foi ganhando uma enorme base de apoiantes. Privado de todas as redes sociais depois do ataque ao Capitólio, o antigo Presidente deve lançar a sua própria rede social nos próximos meses.
Não é a primeira vez que a hipótese circula nos meios de comunicação americanos, mas, no domingo, a proposta ganhou uma data. O antigo conselheiro de Trump, Jason Miller, revelou na televisão Fox News que o Presidente vai voltar às redes sociais nos seus próprios termos.
“Eu acho que vamos ver o Presidente Trump voltar às redes sociais em provavelmente dois ou três meses, na sua própria plataforma”, afirmou Miller.
O antigo conselheiro descortinou ainda mais, notando que Trump tem recebido várias visitas na sua propriedade, o resort de Mar-a-Lago, no estado da Flórida. “Tem havido muitas reuniões de gente poderosa em Mar-a-Lago e o Presidente não foi abordado por apenas uma empresa, têm passado muitas empresas”.
EUA
Nick Backovic, especialista em desinformação digit(...)
Jason Miller garantiu ainda que a próxima rede social seria “grande” e seria a nova coqueluche do mundo digital. “Vai redefinir o jogo completamente e toda a gente vai estar à espera e a ver o que o Presidente Trump vai fazer”. Miller acrescentou no final da sua intervenção que a próxima plataforma receberá “dezenas de milhões de pessoas”.
Depois do comentário, não surgiram quaisquer reações por parte da equipa de Trump, que, vendo o ex-Presidente privado de acesso a grandes redes sociais, tem lançado nos últimos meses comunicados com um tom semelhante ao praticado no Twitter.
Por exemplo, este mês, o antigo Presidente tentou ficar com os louros pelo estado avançado da vacinação contra a covid-19 nos Estados Unidos, escrevendo num comunicado que “se não fosse Presidente, não estariam a receber essa linda vacina em cinco anos, no melhor dos casos. Espero que toda a gente se lembre!”.
Jason Miller elogiou o tom dos comunicados e salientou no domingo que Trump soava “muito mais elegante” e “mais presidencial” do que nos seus tempos de Twitter.
Em janeiro, Donald Trump foi suspenso ou expulso de várias redes sociais, depois do seu papel na insurreição e invasão de apoiantes seus ao Capitólio americano, a 6 de janeiro. No dia do evento, enquanto os manifestantes pró-Trump estavam à frente do edifício onde se localizam as duas câmaras do Congresso americano (naquele dia, o Senado estava reunido para certificar os resultados da eleição de novembro de 2020), Trump lançou um vídeo no Twitter a dizer que “amava” os invasores.
O Twitter encabeçou a onda de reação digital, encerrando a conta @realDonaldTrump por “incitação à violência” – depois de mais de um ano em que a rede social também colocou marcadores em tweets do Presidente, avisando que eram conteúdos falsos sobre fraude eleitoral inexistente ou que incitavam à violência.
After close review of recent Tweets from the @realDonaldTrump account and the context around them we have permanently suspended the account due to the risk of further incitement of violence.https://t.co/CBpE1I6j8Y
— Twitter Safety (@TwitterSafety) January 8, 2021
Seguiu-se o Facebook, a segunda plataforma mais utilizada pelo antigo Presidente, mas outras plataformas como o Snapchat, Spotify, Twitch, Reddit, Tiktok, Yotube e Pinterest também removeram contas de Trump. A rede social pró-Trump Parler foi suspensa pela Amazon por ser um palco digital para celebrações pró-Trump da invasão no Capitólio.
Também foi circulada a hipótese do antigo Presidente criar um canal televisivo, para concorrer contra a Fox News, um canal conhecido pelo seu posicionamento conservador e republicano, chegando a apoiar declaradamente o Donald Trump. No entanto, Trump deixou de confiar no canal depois de, na noite eleitoral, a Fox News ter sido o primeiro órgão de comunicação social a dar a vitória de Joe Biden no estado do Arizona.
Seja nas redes sociais ou na televisão, a verdade é que Donald Trump está decidido em manter o seu nome e a sua imagem na ordem do dia. Trump foi ilibado no Senado de incitar a violência no dia 6 de janeiro e, portanto, pode voltar a concorrer à Presidência em 2024.
Trump mantém-se como o republicano favorito dos eleitores americanos, continua a ser visitado regularmente por membros republicanos do Congresso. No início do mês, numa conferência conservadora (a sua primeira intervenção pública depois de abandonar o cargo), o antigo Presidente recebeu uma maré de apoio e louvor, pelo que a sua presença no espaço político americano deverá continuar até às próximas eleições.