24 mar, 2021 - 18:44 • Henrique Cunha
A vila de Palma, na região moçambicana de Cabo Delgado, foi alvo de um ataque por parte de milícias terroristas.
A indicação foi confirmada esta quarta-feira à Renascença, por Carlos Almeida, coordenador da organização não governamental Helpo em Moçambique, vocacionada para programas de apoio à infância.
Este responsável fala de “ataques múltiplos” que levaram a uma fuga em massa da população local, depois de a localidade ter sido tomada por vários grupos armados, “algo que até agora nunca tinha acontecido”, diz.
Carlos Almeida revela que os primeiros rumores começaram “ a surgir nas redes sociais” e davam conta de que “a vila de Palma estava a ser atacada e que o Standard Bank, um dos bancos da vila estava a ser incendiado”.
Horas mais tarde, o coordenador da Helpo em Moçambique recebeu a confirmação “de que não era um boato… era, de facto, verídico”.
O responsável adianta, ainda, que também recebeu “a informação de que além deste ataque mesmo no centro da vila de Palma, também três aldeias nos arredores tinham sido atacadas”.
“Penso que o que tenha ocorrido foi um ataque múltiplo, em mais do que uma localidade, mas com o centro de Palma a ser atacado; algo que até à data de hoje ainda não tinha ocorrido”, acrescenta.
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Nestas declarações à Renascença, a partir de Pemba, Carlos Almeida refere a existência de forças de segurança governamentais em Palma e admite que os ataques desta quarta-feira podem levar a um novo aumento do número de deslocados.
“Aquilo que senti aqui em Pemba foi que já se começa a falar de um esforço por parte do governo moçambicano de fazer as pessoas regressar às suas aldeias de origem” e que “Palma estava a ser até agora um porto seguro apesar das pessoas estarem a viver com muitas dificuldades porque praticamente a Vila está sitiada e com acesso muito difícil”.
Neste momento, com a vila sob ataque dos terroristas, Carlos Almeida admite que “as consequências possam ser as piores e que as pessoas tentem fugir de lá a todo o custo e dessa forma possam engrossar também o número de deslocados”.
Até porque “muitas das pessoas que estavam a sofrer ataques nos distritos vizinhos, nomeadamente em Nangade estavam a refugiar-se ou em Moeda ou em Palma consoante a distância; e agora verificam que Palma também deixou de ser segura”.
Os ataques terroristas na região de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique que já duram há mais de três anos já provocaram mais de 2.000 mortos e para cima de 700 mil refugiados.