26 mar, 2021 - 09:35 • Marta Grosso com Reuters e Lusa
Os elefantes africanos, seja os que vivem na savana ou na floresta, estão cada vez mais ameaçados de extinção, avisa a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que publicou na quinta-feira a Lista Vermelha de espécies em perigo.
A caça furtiva com vista à obtenção de marfim e a invasão humana dos terrenos são os principais fatores de risco apontados.
Segundo a IUCN, o elefante da savana está "em perigo" e o elefante da floresta, muito menor e mais leve, está "criticamente ameaçado" – a categoria mais alta antes da extinção.
“Precisamos de acabar urgentemente com a caça furtiva e garantir que um habitat adequado e suficiente para os elefantes da floresta e da savana”, defendeu o diretor-geral da IUCN, Bruno Oberle.
Até agora, este organismo com sede na Suíça tratava os dois elefantes em conjunto, considerando-os "vulneráveis", mas agora optou por separá-los, seguindo a evidência genética de que são espécies diferentes.
De acordo com os últimos dados, o número de populações de elefantes da savana de África diminuiu em, pelo menos, 60% nos últimos 50 anos.
O número de elefantes da floresta, encontrados principalmente na África Central, caiu 86% em 31 anos.
Combinados, existem hoje cerca de 415.000 elefantes africanos, refere a IUCN.
A corrida ao marfim é a grande causa de extinção dos elefantes.
"Oitenta a 90% do nosso marfim vai para a Nigéria e acaba por financiar o Boko Haram, por isso esta é mesmo uma guerra transfronteiriça contra o crime organizado e até contra o terrorismo", afirma o ministro da Água e Florestas do Gabão, Lee White.
"Vimos países como a República Centro-Africana, onde os atacantes se tornaram bandidos, rebeldes e desestabilizaram todo o país", acrescenta, considerando que grande parte dos ataques e do tráfico de marfim é feito de forma transfronteiriça por sindicatos do crime.
No Gabão, a batalha para proteger os elefantes nas florestas transformou-se numa autêntica guerra, vincou ainda o ministro.
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O Gabão foi um dos países que tomou medidas para proteger as populações de elefantes.
"Transformámos biólogos em guerreiros, transformámos pessoas que se juntaram para observar os elefantes e trabalhar na natureza, nos parques nacionais, em soldados que foram para a guerra para garantir a sobrevivência dos elefantes", explicou o ministro.
Os elefantes na África subsaariana sofrerem um rude golpe com um pico nos ataques entre 2008 e 2012, nomeadamente no Norte de Moçambique e no Sul da Tanzânia, onde se estima que cerca de 100 mil elefantes de savana tenham sido mortos nesse período.
A República do Congo também tomou medidas e, tal como no Gabão, notou-se alguma recuperação. Na Área de Conservação Transfronteiriça do Kavango-Zambeze, na África Austral, o número de elefantes da savana também se mostrou estável ou em crescimento, nota a União Internacional para a Conservação da Natureza.
"Os elefantes africanos desempenham um papel fundamental nos ecossistemas, nas economias e na nossa imaginação coletiva em todo o mundo", disse o diretor-geral da UICN, Bruno Oberle.
Os números divulgados na quinta-feira constam da primeira de três avaliações e atualizações anuais que a IUCN faz do mundo natural. Neste relatório foram avaliadas 134.425 espécies de plantas, fungos e animais, dos quais mais de um quarto estão ameaçados de extinção.