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Medicamento para asma pode ajudar na recuperação da Covid-19, diz ensaio clínico britânico

12 abr, 2021 - 17:10 • Hélio Carvalho , com agências

O ensaio realizado pela Universidade de Oxford demonstrou que doentes tratados com budesonida recuperam mais depressa da Covid-19. Cientistas destacam o reduzido custo do tratamento promissor.

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Duas inalações por dia de budesonida pode ajudar pessoas com mais de 50 anos a recuperar mais depressa da Covid-19. Segundo um ensaio clínico da Universidade de Oxford, divulgado esta segunda-feira, o medicamento habitualmente usado para tratar a asma tem demonstrado ser uma alternativa viável para pessoas mais velhas que tenham sintomas ligeiros da doença, e que estejam a recuperar em casa.

Segundo o estudo, a budesonida pode ser mais um aliado das autoridades de saúde para ajudar a reduzir o número de pessoas internadas.

À BBC, o diretor médico do Serviço Nacional de Saúde britânico, Stephen Powis, já recomendou o medicamento aos hospitais públicos e dando a hipótese dos médicos prescreverem budesonida inalada "quando houver um benefício médico para os pacientes, e depois de uma conversa".

A budesonida é usada no tratamento de pessoas asmáticas e tem a vantagem de ser um medicamente barato, que pode ser comprado facilmente. Como é uma substância inalada e que procura afetar especialmente os pulmões, que são órgãos particularmente danificados pela Covid-19 , o ensaio da Universidade de Oxford demonstra que a budesonida pode ajudar os pulmões de doentes a lutar contra a Covid-19 em casa.

O medicamento é, à semelhança da dexametasona, outro medicamente recomendado pela Organização Mundial de Saúde para tratar a Covid-19, um corticosteroide, uma classe de medicamentos que reduz a inflamação numa determinada área (neste caso, nos pulmões).

Uma das cientistas e médicas à frente do estudo, Gail Hayward, adiantou ao canal britânico que o Serviço Nacional de Saúde britânico devia oferecer um inalador aos doentes de Covid-19, já que o seu custo é de apenas 14 libras (pouco mais de 16 euros).

Resultados são "entusiasmantes"

À BBC, a professora e médica Mona Bafadhel, que fez parte da equipa que realizou o ensaio e está a conduzir o estudo, disse que os resultados "são entusiasmantes" e afirma que a comunidade científica britânica está a procurar "ajudar os doentes tanto quanto possível, o mais cedo possível".

O estudo realizado envolveu 1.700 pessoas com um elevado risco de se tornarem doentes graves da Covid-19, todos com mais de 50 anos – uns tinham mais de 65 anos mas não tinham problemas cardíacos; outros tinham entre 50 e 64, mas apresentavam problemas cardíacos.

Um grupo de 751 pessoas usou um inalador de budesonida duas vezes por dia durante as duas primeiras semanas em que sentiram sintomas. Essas pessoas acabaram por recuperar três dias mais cedo do que o outro grupo que foi tratado normalmente, com descanso e paracetamol.

Além disso, um terço dessas 751 pessoas recuperou da Covid-19 dentro das primeiras duas semanas da doença, face a apenas um quarto do grupo tratado com os métodos normais.

Já relativamente ao internamento de pessoas infetadas, os resultados revelam que as pessoas tratadas com budesonida foram internadas menos frequentemente que as restantes (8,5% do grupo, comparativamente a 10,3% do grupo maior).

Os investigadores salientam, no entanto, que são necessários mais dados para comprovar que o medicamento reduz a mortalidade. Os dados resultam de análises de um ensaio clínico realizado no final de março e ainda não foram publicados ou revistos por revistas científicas ou por outros cientistas. O estudo deverá ser concluído no final de abril

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