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Síria rejeita relatório que denuncia recurso a armas químicas em 2018

14 abr, 2021 - 23:54 • Lusa

Segundo a Organização para a Interdição de Armas Químicas, a Força Aérea síria usou cloro num ataque em 4 de fevereiro de 2018 na cidade de Saraqeb, a sul de Alepo e no noroeste do país.

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A Síria rejeita o relatório da Organização para a Interdição das Arma Químicas (OIAC), que apurou que o exército de Damasco usou estas armas em 2018, numa localidade então controlada pela oposição.

Na segunda-feira, a OIAC avançou, após a conclusão de um inquérito, que a Força Aérea síria tinha usado cloro num ataque perpetrado em 4 de fevereiro de 2018 na cidade de Saraqeb, a sul de Alepo e no noroeste do país.

Encarregada de identificar os autores de ataques com armas químicas, a equipa da OIAC determinou que “existem motivos razoáveis para acreditar” que um helicóptero militar da Força Aérea síria “atacou o leste de Saraqeb, deixando cair pelo menos um cilindro”.

Hoje, o Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio “condenou nos termos mais fortes (…) o relatório (…) e nega categoricamente a utilização de gás tóxico na vila de Saraqeb ou em qualquer localidade síria”, conforme um comunicado reproduzido pela agência noticiosa oficial síria, Sana.

O relatório da “dita ‘equipa de identificação e inquérito’ sobre o incidente presumido de Saraqeb (...) comporta conclusões infundadas e fabricadas”, acrescentou.

Este é “outro escândalo da OIAC e das suas equipas de inquérito, que vem acrescentar-se ao do falso relato (…) sobre o incidente de Douma”, acrescentou a diplomacia síria, em referência a um documento da OIAC, publicado em março de 2019 atestando um ataque com cloro em abril de 2018 sobre esta localidade nos arredores de Damasco, que causou dezenas de mortos.

O governo sírio sempre negou qualquer implicação em ataques químicos, afirmando ter entregado todos os ‘stocks’ de armas químicas sob supervisão internacional, nos termos de um acordo concluído em 2013, e aludindo a “encenações” para acusar o regime.

Na segunda-feira, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, indicou “condenar firmemente o recurso às armas químicas”.

Também em comunicado, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, sublinhou que deveria ser dada uma “resposta apropriada”.

Na segunda-feira ainda, a União Europeia (UE) condenou “veementemente” a utilização pelo regime sírio de armas químicas, pedindo que os envolvidos sejam “responsabilizados”.

“A UE condena veementemente a utilização de armas químicas pela Força Aérea Síria em Saraqeb, na República Árabe Síria, em 04 de fevereiro de 2018, tal como concluído no relatório” publicado pela OIAC, lê-se em nota publicada pelo Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell.

Apesar da forte objeção por parte da Síria e dos seus aliados mais próximos, em particular a Rússia, a maioria dos Estados-membros da OIAC autorizou a organização internacional, em 2018, a identificar de forma explícita os autores de ataques perpetrados com armas químicas, indo assim mais longe do que apenas documentar o uso de tais armas.

Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, de manifestações pacíficas, o conflito civil na Síria, que entrou no seu 11.º ano, provocou mais de 388 mil mortos e milhões de deslocados e refugiados, segundo os dados mais recentes do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

A OIAC, criada ao abrigo da Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenamento e Utilização das Armas Químicas e sobre a sua Destruição (que entrou em vigor em 1997), é a única organização internacional que tem como mandato a destruição e prevenção do surgimento de um tipo de armas de destruição em massa.

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