17 abr, 2021 - 21:01 • Redação com Lusa
Médicos próximos do opositor russo Alexei Navalny, detido e em greve de fome, exigiram, este sábado, ter autorização para ver o político, alertando que ele pode sofrer uma paragem cardíaca “a qualquer momento”.
Considerado como o principal crítico da Presidência russa, Navalny iniciou, no passado dia 31 de março, uma greve de fome em protesto contra as condições de detenção a que está sujeito. O opositor acusou a administração penitenciária de lhe recusar o acesso a um médico e a medicamentos, uma vez que sofre, segundo indicaram os seus advogados, de uma dupla hérnia discal.
A médica pessoal do opositor russo de 44 anos, Anastassia Vassilieva, e outros três médicos, incluindo um cardiologista, estão a exigir ter acesso imediato a Navalny, segundo uma carta enviada aos serviços prisionais russos, publicada este sábado na conta pessoal de Vassilieva no Twitter.
De acordo com a médica, o nível de concentração de potássio no sangue de Navalny atingiu um nível "crítico" de 7,1 mmol /L (milimoles por litro), “o que significa que tanto a função renal está alterada, como graves problemas de ritmo cardíaco podem ocorrer a qualquer momento”.
“Um paciente com tal nível de potássio deve ser observado nos cuidados intensivos, porque uma arritmia fatal pode desenvolver-se a qualquer momento. Morte por paragem cardíaca", referiu, por sua vez, o cardiologista Iarolav Achikhmin no Facebook, citado pelas agências internacionais.
Também através do Twitter, a porta-voz do opositor, Kira Iarmych, citou o médico Alexandre Poloupane, que acompanhou o estado de saúde de Alexei Navalny em outras ocasiões, afirmando que tais parâmetros apontam para a necessidade de uma hospitalização. “Se o tratamento não começar, ele morrerá nos próximos dias", indicou a mesma fonte.
Rússia
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Ativista anticorrupção e principal opositor do Presidente russo Vladimir Putin, Alexei Navalny sobreviveu em 2020 a um envenenamento com um agente neurotóxico, do tipo Novichok, da era soviética.
O opositor ficou em coma, tendo acusado o Kremlin e os serviços secretos russos do ataque, acusações que Moscovo sempre rejeitou.
Após cinco meses em convalescença na Alemanha, o opositor regressou em janeiro à Rússia e foi imediatamente detido.
Posteriormente, foi condenado a dois anos e meio de prisão no âmbito de um antigo processo de fraude, caso que classificou como "político".
A mulher do opositor, Ioulia, que visitou o marido no início desta semana, relatou que este já perdeu nove quilos desde que começou a greve de fome.
Na sexta-feira, o Ministério Público russo pediu que as diversas organizações do opositor detido sejam declaradas como “extremistas”, e, como tal, proibidas na Rússia.