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Avaliação Oceânica Mundial

Em 10 anos duplicaram "zonas mortas" nos oceanos, alerta António Guterres

21 abr, 2021 - 23:13 • Lusa

A agência norte-americana para os oceanos (NOS) define "zonas mortas" marítimas como sem oxigénio necessário à maior parte da vida marinha, que ou morre ou as abandona, criando "desertos biológicos" no mar.

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O número de “zonas mortas” nos oceanos quase duplicou numa década, demonstrando o “fracasso generalizado” de proteção dos mares e a necessidade de novas metas globais “ambiciosas”, afirmou esta quarta-feira o secretário geral das Nações Unidas, António Guterres.

O aumento das zonas oceânicas sem vida animal ou vegetal, para 700 em 2019 face a 400 em 2008, é uma das conclusões da segunda Avaliação Oceânica Mundial, realizada por centenas de cientistas de todo o mundo e esta quarta-feira apresentada pelo secretário-geral em mensagem de vídeo.

“Os especialistas atribuem (o aumento de “zonas mortas” nos mares) ao nosso fracasso generalizado em conseguir uma gestão sustentável integrada das costas e dos oceanos”, disse Guterres.

“Apelo a todas as partes interessadas para prestarem atenção a este e outros avisos. Uma melhor compreensão do oceano é essencial”, adiantou.

A agência norte-americana para os oceanos (NOS) define "zonas mortas" marítimas como sem oxigénio necessário à maior parte da vida marinha, que ou morre ou as abandona, criando "desertos biológicos" no mar.

O relatório esta quarta-feira divulgado indica ainda que cerca de 90 por cento de espécies de mangais e outros ecossistemas costeiros e marinhos, bem como mais de 30 por cento das espécies de aves marinhas, também enfrentam ameaça de extinção.

Na sequência de um relatório inicial publicado em 2015, a Avaliação Oceânica Mundial aponta para uma degradação contínua de espaços costeiros e marítimos devido à ação humana.

“As pressões de muitas atividades humanas continuam a degradar os oceanos e a destruir habitats essenciais - como mangais e recifes de coral - dificultando a sua capacidade de ajudar a lidar com os impactos das mudanças climáticas”, afirmou Guterres.

“Essas pressões também vêm das atividades humanas terrestres e costeiras, que trazem poluentes perigosos para os oceanos, incluindo resíduos plásticos”, adiantou.

O secretário-geral da ONU sublinhou que a libertação de dióxido de carbono está a acentuar o aquecimento e acidificação das águas do mar, destruindo a biodiversidade, enquanto o aumento do nível de águas do mar danifica zonas costeiras, e o esgotamento de recursos piscatórios devido a sobre-exploração gera uma perda anual estimada em 88,9 mil milhões de dólares.

“Como a Avaliação deixa claro (...) precisamos integrar melhor o conhecimento científico e a formulação de políticas”, sublinhou Guterres.

Este ano marcou o início da Década das Nações Unidas da Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável e uma série de eventos internacionais relacionados com o ambiente e clima são, segundo Guterres, uma oportunidade para inverter o rumo.

“As conclusões desta Avaliação sublinham a urgência de resultados ambiciosos nas cimeiras e eventos de alto nível da ONU sobre biodiversidade, clima e outros ao longo deste ano”, acrescentou.

“Juntos, podemos promover não apenas uma recuperação verde - mas também azul - da pandemia Covid-19 e ajudar a garantir uma relação resiliente e sustentável de longo prazo com o oceano”.

Guterres é uma das personalidades que intervirá na cimeira virtual sobre a crise climática, quinta e sexta-feira, promovida pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

O Presidente chinês, Xi Jinping, vai também vai participar da cimeira, apesar do declínio nas relações entre Pequim e Washington, informou esta quarta-feira o ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

O chefe de Estado chinês vai fazer um "discurso importante" via videoconferência, a partir de Pequim, revelou o ministério, poucos dias depois de os dois países se comprometerem a "cooperar" na questão das alterações climáticas.

China e Estados Unidos são os dois maiores emissores de gases de efeito estufa, a fonte do aquecimento global, e o acordo entre os dois países é, portanto, considerado crucial para o sucesso dos esforços internacionais na redução das emissões.

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