23 abr, 2021 - 08:55 • Lusa
O Presidente brasileiro disse que caso aprove a multa laboral para empregadores que pratiquem discriminação salarial entre sexos, isso pode tornar "quase impossível" a entrada de mulheres no mercado de trabalho.
Em causa está um projeto, aprovado no fim de março pelo Senado do Brasil, segundo o qual a punição para empregadores passa a ser até cinco vezes a diferença salarial verificada entre o homem e a mulher que exerçam a mesma função.
"Qual a consequência disso? Vetado, vou ser massacrado. Sancionado [aprovado], você acha que as mulheres vão ter mais facilidade de arranjar emprego, ou não, no mercado de trabalho. Vamos ver, se eu sancionar, como vai ser o mercado de trabalho para a mulher no futuro. É difícil para todo mundo, para a mulher é um pouco mais difícil. [Vamos ver] se o emprego vai ser quase impossível, ou não", afirmou Jair Bolsonaro, na sua habitual transmissão em vídeo na rede social Facebook.
O Presidente pediu então para que os seus seguidores respondessem nos comentários do vídeo se deveria, ou não, aprovar o projeto.
"Você pode estar dizendo: 'o patrão tem que tomar vergonha na cara'. Pode acontecer que o pessoal não contrate ou contrate menos mulheres. Não vou discutir o mérito. Segunda-feira é o 'dia D'. Vou ver nos comentários desta 'live' se eu devo sancionar ou vetar o projeto que aumenta a multa para aquele que pague salário menor", acrescentou.
De acordo com o chefe de Estado, na Justiça laboral brasileira, a maioria das decisões favorece o empregado em detrimento do empregador e que, caso aprove o projeto, muitos empresários deixarão de contratar mulheres com medo de serem enquadrados na lei.
A transmissão ao vivo de Jair Bolsonaro foi ainda marcada por comentários sobre a pandemia de Covid-19 e o processo de imunização, criticando o facto de "só se falar de vacina".
Ao lado do ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, o chefe de Estado defendeu o desenvolvimento de medicamentos para o tratamento da doença causada pelo novo coronavírus.
"É impressionante como só se fala em vacina, não é? Mas também, uma compra bilionária, no mundo todo, então é só vacina. Ninguém é contra a vacina", salientou.
O Brasil vive atualmente a pior fase da pandemia, agravada pela circulação de variantes do vírus consideradas mais infeciosas, e já conta com mais de 383 mil mortes e de 14,1 milhões de infetados.