18 mai, 2021 - 17:58 • Ângela Roque
A Igreja católica acompanha com preocupação nova crise na fronteira de Tarajal, que separa Marrocos do território autónomo de Ceuta onde, só na segunda-feira, entraram pelo menos seis mil migrantes, o que já levou o governo espanhol a mobilizar o exército para a zona.
Segundo o jornal Religión Digital, o arcebispo de Toledo, Francisco Cerro Chaves, disse hoje esperar que a situação se resolva “o melhor possível” para quem foge “da fome, da guerra e de problemas”.
“A situação é dramática. A Igreja tem de ser casa de acolhimento para todos”, afirmou aos jornalistas durante uma conferência de imprensa de apresentação de um projeto da Cáritas.
Já o arcebispo de Madrid, cardeal Carlos Osoro, usou a sua conta no twitter para pedir “pela paz, convivência e segurança” dos imigrantes. “Que não se utilizem os nossos irmãos vulneráveis nem o seu sofrimento, e que procuremos saídas juntos”, escreveu o prelado.
O delegado episcopal da Cáritas, José María Cabrero, garantiu que a instituição católica vai continuar a apoiar os imigrantes, que devem ser acolhidos “como merecem”, mas Gabriel Delgado, responsável pelas migrações na diocese de Cádiz e Ceuta, usou as redes sociais para questionar se será ético utilizar as “crianças mais pobres” como “moeda de troca e de pressão junto à fronteira".
"Todos, crianças e adultos, que fogem da pobreza, da falta de esperança e de futuro convertem-se em moeda de troca. E troca de quê? É o eterno problema da fronteira sul”, sublinhou.
O presidente da cidade autónoma de Ceuta diz que se tem vivido uma “situação caótica”, e pediu mais reforços ao governo de Madrid, que esta terça-feira enviou o exército para a fronteira de Tarajal.
Pelo menos 1.500 dos 6 mil imigrantes que na segunda-feira entraram em Ceuta já foram enviados de volta a Marrocos.