25 mai, 2021 - 15:05 • Celso Paiva Sol , Cristina Nascimento
O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), João Melo, diz que o crime organizado transnacional está a usar cada vez mais empresas criadas legalmente na Europa, para desenvolver as suas atividades ilícitas.
Do tráfico de droga ao tráfico de seres humanos, as redes internacionais estão a usar circuitos legais, como por exemplo empresas de trabalho temporário para traficar e explorar migrantes.
“As organizações criminosas que se dedicam ao tráfico de seres humanos estão a utilizar empresas lícitas criadas na União Europeia para dificultar a deteção e a ligação entre determinada exploração de determinada vítima no país e a disponibildiade desta vítima vinda de outro estado membro da União Europeia”, disse João Melo, numa conferência sobre tráfico de seres humanos que decorre esta terça-feira, no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia.
"Temos de ter uma atenção especial sobre a criação e as atividades das empresas que se dedicam a trabalhos temporários, por exemplo”, recomendou
o diretor nacional da PJ revelou ainda que a pandemia não só não travou, como intensificou a ação das grandes organizações criminosas.
“Os traficantes aproveitam-se das vulnerabilidades das pessoas, quer do ponto de vista económico e social, e aproveitam-se, na prática, de todos os fatores que possam aumentar essa vulnerabilidade, por exemplo, os efeitos recentes da pandemia da Covid-19”, explicou.
João Melo dá como exemplo “as dificuldades de acesso que as pessoas têm à justiça”, bem como o recurso a “tecnologias encriptadas para criar um ‘modus operandi’ para o recrutamento e exploração das vítimas através da internet, dificultando a investigação e a resposta judicial”.