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Estudo

“Medo da compaixão ampliou impacto nocivo da Covid-19 na saúde mental”

31 mai, 2021 - 11:30 • Olímpia Mairos

Pandemia aumentou os níveis de depressão, ansiedade e stress. Investigadora da Universidade de Coimbra defende que as autoridades de saúde pública “devem adotar intervenções e comunicações focadas na promoção da compaixão e da ligação aos outros, para reduzir os medos da compaixão e, assim, promover a resiliência e o bem-estar mental.

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O medo da compaixão ampliou o impacto prejudicial da Covid-19 na saúde mental, aumentando os níveis de depressão, ansiedade e stress. A conclusão é de um estudo realizado no âmbito de um projeto internacional pioneiro sobre resiliência psicológica durante a pandemia.

De acordo com a coordenadora do estudo, Marcela Matos, os resultados obtidos mostram que “o medo da autocompaixão, medo da compaixão em relação aos outros e medo de receber compaixão dos outros, estão associados a maiores níveis de depressão, ansiedade e stress e menor sensação de segurança e ligação aos outros”.

A investigadora do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) esclarece que “as pessoas que têm mais medo e resistências em relação a serem sensíveis ao seu próprio sofrimento e ao dos outros e a tentarem aliviar ou prevenir sofrimento e que estão menos disponíveis para receber suporte e compaixão por parte de outras pessoas tendem a apresentar mais sintomas depressivos, de ansiedade e de stress e a sentir-se menos seguras e conectadas/ligadas às outras pessoas”.

Neste estudo, o universo da amostra foi constituído por 4.057 indivíduos de ambos os sexos da população geral, recrutados nos 21 países participantes.

A investigadora explica que, embora a compaixão possa ser um fator protetor, em oposição, “o medo da compaixão aumenta a vulnerabilidade ao sofrimento psicossocial e pode ampliar o impacto da pandemia na saúde mental”.

Outra conclusão do estudo “extremamente relevante”, prende-se com o facto de “estes medos da compaixão e da autocompaixão amplificarem o efeito nefasto da pandemia nos níveis de depressão, ansiedade e stress”.

“Isto significa que quanto mais medo as pessoas tiverem de ser compassivas em relação a elas mesmas e em relação aos outros e mais resistências tiverem em receber compaixão por parte dos outros, maior é o impacto do medo do vírus na sua saúde mental”, detalha.

Por outro lado, “percebemos também que o medo de receber compaixão por parte de outras pessoas, isto é, estar menos disponível/recetivo para receber suporte, ajuda e compaixão de outras pessoas na nossa vida, é um importante fator de risco que agrava o impacto nefasto da pandemia/medo do vírus na sensação de segurança e ligação aos outros”.

Tendo em conta os resultados obtidos, transversais aos 21 países que participaram no estudo, a investigadora da Universidade de Coimbra considera que as autoridades de saúde pública “devem adotar intervenções e comunicações focadas na promoção da compaixão e da ligação aos outros, para reduzir os medos da compaixão e, assim, promover a resiliência e o bem-estar mental durante e após a pandemia Covid-19”.

A especialista recomenda também que, para reduzir o medo da compaixão e promover a motivação e as competências compassivas e, assim, ajudar a proteger contra dificuldades de saúde mental durante e após a pandemia, sejam promovidas “intervenções psicológicas de promoção/tratamento da saúde mental focadas na compaixão e baseadas em evidência empírica (como a terapia focada na compaixão ou o treino da mente compassiva), em formato individual, grupal ou na comunidade”.

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