05 jun, 2021 - 11:34 • Henrique Cunha
O Dia Mundial da Criança em Moçambique continua a ser um momento de “grande alegria, de sorriso rasgado”, mesmo no meio de “tanta adversidade”.
Leandro Martins, responsável pelo projeto Karibu da responsabilidade da Helpo, uma Organização não-governamental (ONG) portuguesa, faz à Renascença um relato emocionado de como se viveu em Pemba, na Região de Cabo Delgado, o Dia Mundial da Criança.
O responsável descreve “a experiência ótima” que viveu no dia 1 de junho, quando a organização fez “a distribuição de três mil lanches para três mil crianças deslocadas”, por causa da instabilidade na Região de Cabo Delgado, no Norte do país.
“Ver no rosto de cada criança que ainda se encontra motivos para sorrir, motivos para se alegrar, mesmo no meio de tantas adversidades que essas crianças viveram nos últimos tempos, isso vem dar uma pouco de esperança também para nós os adultos que estamos aqui”, refere Leandro Martins, que assinala o facto de o “adulto tender a conservar um pouco mais a tristeza, os motivos de infelicidade”, em contraste com a criança que consegue superar isso mais facilmente”.
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Para o voluntário da Helpo, “isso é bom porque ajuda a perceber que as crianças conseguem ser felizes, conseguem ter alegria na pureza de um momento, e revela-se também um sinal de esperança para nós adultos”.
“E para mim faz todo o sentido e se calhar é o sentido de estar aqui em Moçambique, de ter saído da minha pátria e poder estar noutro país, porque me faz sentir útil e realizado, ao perceber que de alguma forma você pode ajudar”, acrescenta o brasileiro.
No terreno, o número de deslocados continua a aumentar e “o último ataque de Palma, que foi bem expressivo, teve um grande fluxo de pessoas deslocadas, não só em Pemba, mas também noutros distritos”, e por exemplo em Mahate, que “é o bairro onde o Karibu acontece e que é um bairro periférico de Pemba, nós sentimos o lugar como sendo de um local de grande fluxo de pessoas deslocadas”.
“Depois do ataque de Palma chegaram muitas pessoas, mas com o tempo essas pessoas acabam por ir para casa de outros familiares, ou para um lugar mais longe com medo dos ataques. Às vezes alguns ficam, mas outras também saem, e vão para os campos de reassentamento”, sublinha.
O projeto Karibu tem como objetivo a integração escolar de deslocados internos em Cabo Delgado e, de acordo com Leandro Martins, “está também de forma indireta a abranger as duas escolas primárias do bairro de Mahate, o que significa que estamos a apoiar indiretamente cerca de quatro mil crianças”.
O responsável adianta que “o projeto, numa primeira fase, trouxe as crianças deslocadas que ainda não estavam matriculadas, permitindo a realização de 524 matrículas de crianças e a distribuição de material escolar para todas”.
Agora, “pouco a pouco, temos feito distribuição de roupas, de uniformes, e numa outra fase nós conseguimos um fundo de emergência do Instituto Camões e vamos começar a distribuir kits alimentares, porque este é um projeto que se vai construindo dia após dia”, acrescenta.
O projeto Karibu (que significa "bem-vindos") tem como objetivo específico criar condições para a integração de deslocados internos nas escolas do bairro de Mahate, Cabo Delgado, Moçambique, facilitando o acesso, frequência e conclusão de ciclos escolares às crianças e aos jovens.
É uma iniciativa com um horizonte temporal de dois anos, implementada pela Helpo, em parceria com a Fundação Wiwanana e a Missão São Carlos Lwanga de Mahate, e financiada pelo Camões, I.P., Galp e Fundação Galp.
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