05 jun, 2021 - 17:09 • Lusa
Pelo menos cem civis foram mortos no norte de Burkina Faso, em Solhan, entre sexta-feira e este sábado, o ataque mais mortal registado neste país desde o início da violência 'jihadista' em 2015, informaram fontes de segurança e locais.
“Entre a noite de sexta-feira e a madrugada de hoje [sábado], indivíduos armados realizaram um ataque mortal em Solhan, na província de Yagha. O balanço, ainda provisório, é de pelo menos cem mortos, homens e mulheres”, disse à agência de notícias AFP uma fonte de segurança.
O ataque e o número de mortos foram confirmados pelo Governo.De acordo com uma fonte local, “o atentado, que foi reportado por volta da meia-noite, horário local [01:00 em Lisboa], teve como alvo inicial o posto dos Voluntários para a Defesa da Pátria [VDP]”, os auxiliares civis do exército e, posteriormente, os atacantes invadiram as casas e “realizaram execuções”.
“Além do número de mortos, o pior que registámos até hoje [sábado], as casas e o mercado [de Solhan] foram incendiados”, disse outra fonte de segurança, temendo que “o saldo, ainda provisório, de cerca de cem mortes possa aumentar”.
Um oficial do serviço de segurança disse que “homens foram destacados para realizar buscas [operações] e proteger as populações que irão realizar o resgate e sepultamento das vítimas”.
Um luto nacional de 72 horas foi decretado pelas autoridades, a partir da meia-noite deste sábado até segunda-feira, 7 de junho às 23h59, de acordo com o Governo.
O porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que o português está "indignado com os ataques".
“O secretário-geral está indignado com o assassinato esta manhã cedo de mais de 100 civis, incluindo sete crianças, num ataque de assaltantes não identificados a uma aldeia na província de Yagha, na região do Sahel do Burkina Faso”, disse o seu porta-voz, Stephane Dujarric, numa declaração.
Segundo Dujarric, Guterres “condena veementemente este ataque horrendo e salienta a necessidade urgente de a comunidade internacional reforçar o seu apoio a um dos seus membros na luta contra a violência extremista e o seu inaceitável custo humano”.
Sohlan, uma pequena cidade localizada a cerca de 15 quilómetros de Sebba, capital da província de Yagha localizada não muito longe da fronteira com o Mali, registou vários ataques nos últimos anos.
No dia 14 de maio, o ministro da Defesa, Chériff Sy, e membros da hierarquia militar foram a Sebba, garantindo que a situação havia voltado ao normal, após inúmeras operações militares.
Este ataque maciço por supostos jihadistas ocorreu após outro ataque entre a noite de sexta-feira e a madrugada de este sábado num vilarejo na mesma região, Tadaryat, no qual pelo menos 14 pessoas, incluindo um auxiliar do VDP, foram mortas.
Os ataques acontecem uma semana depois de dois outros ataques na mesma área, nos quais quatro pessoas, incluindo dois membros do VDP, foram mortas.
Nos dias 17 e 18 de maio, 15 moradores e um soldado foram mortos em dois ataques a uma aldeia e uma patrulha no nordeste do país, segundo o governador da região do Sahel.
Desde 5 de maio, face ao ressurgimento dos ataques rebeldes, as forças armadas lançaram uma operação em larga escala nas regiões do norte e do Sahel.
Apesar do anúncio de inúmeras operações desse tipo, as forças de segurança estão a lutar para conter a espiral de violência rebelde que deixou mais de 1.400 mortos e mais de um milhão de deslocados desde 2015, fugindo de áreas de violência.