13 jun, 2021 - 16:30 • Lusa
Os Estados Unidos manterão a sua presença no Afeganistão após a retirada das suas tropas, para ajudar na luta contra a violência e o terrorismo na Ásia Central, disse o representante especial de Washington naquele país.
"Embora o contingente militar se esteja a retirar, permaneceremos no Afeganistão para o apoiar no futuro com conselhos sobre como lidar com o terrorismo e as várias formas de combater este problema", disse Zalmay Khalilzad, durante uma conferência de imprensa em Nur-Sultan, capital do Cazaquistão.
O representante dos EUA acrescentou que Washington está atualmente empenhado num diálogo "positivo e esperançoso" com os países da região.
Khalilzad disse ainda que os EUA esperam "minimizar os riscos" relacionados com a retirada das suas tropas do país, o que requer "um governo forte, capaz de controlar o território e a ordem, algo que poderia acontecer após um acordo entre o governo e os Talibãs".
"Estamos convencidos de que a paz só pode ser alcançada e preservada através da via política do diálogo e não do confronto militar", disse, adiantando que até haver um acordo entre o governo e os Talibãs, os EUA ajudarão Cabul a "reorganizar o seu potencial antiterrorista".
Acrescentou ainda que Washington também ajudará os países da região da Ásia Central, "incluindo o Cazaquistão", a reforçar o seu potencial antiterrorista face à persistente ameaça do grupo terrorista Estado islâmico.
Khalilzad disse ainda que os EUA também estão a trabalhar em estreita colaboração com a Rússia, China e Paquistão para alcançar a paz no Afeganistão.
A retirada dos EUA do Afeganistão vai ser um dos assuntos da reunião que vai decorrer na segunda-feira, em Bruxelas, entre o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o novo presidente dos EUA, Joe Biden.
A Turquia, que tem cerca de 500 soldados ainda no Afeganistão, já se ofereceu para assumir a defesa e a gestão do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, que serve a capital, Cabul.
O exército dos EUA vai retirar 2.500 soldados, 16.000 empreiteiros civis e centenas de toneladas de equipamento que se encontravam no Afeganistão até 11 de setembro, o 20.º aniversário dos ataques da Al-Qaeda a Nova Iorque e Washington.
A guerra no Afeganistão começou em outubro de 2001 com uma missão de capturar o líder da Al-Qaeda Osama bin Laden - o "cérebro" dos ataques do 11 de Setembro desse ano e que foi morto numa operação dos EUA no Paquistão em 2011 - e punir os talibãs que o tinham abrigado.
Durante a guerra morreram entre 35.000 e 40.000 civis afegãos e cerca de 2.300 soldados americanos, de acordo com uma investigação da Universidade de Brown em Rhode Island.