19 jun, 2021 - 16:03 • Lusa
O clérigo ultraconservador Ebrahim Raissi venceu, à primeira volta, as eleições presidenciais iranianas de sexta-feira, com as agências noticiosas internacionais a avançaram percentagens diferentes de voto, ambas citando o ministro do Interior do Irão, Abdolfazl Rahmani Fazli.
Segundo a agência France-Presse (AFP), que fala de resultados oficiais definitivos, Raissi obteve 61,95% dos votos, enquanto a agência espanhola EFE dá igualmente a vitória ao ultraconservador, mas com 65,4%.
A taxa de participação, em que ambas as agências coincidem, foi de 48,8%, precisou o ministro, a menor registada em presidenciais desde o estabelecimento da República Islâmica em 1979, embora tenha de se ter em conta o apelo ao boicote pedido pela oposição iraniana, sobretudo a que está exilada.
A EFE adianta que a percentagem obtida por Raissi corresponde a 18.926.345 do total de 28.933.004 votos válidos, num universo de mais de 59 milhões de eleitores.
Os outros três candidatos eram Mohsen Rasai, que recolhe 3,4 milhões de votos, à frente de Adbdolnaser Hemati (2,4 milhões) e de Amirhosein Qazizadeh (quase um milhão), tendo-se registado ainda 3,7 milhões de votos inválidos.
Antes do anúncio oficial dos resultados, os três candidatos rivais de Raissi reconheceram a derrota e felicitaram o clérigo, que está sob sanções aplicadas pelos Estados Unidos.
Nas eleições presidenciais de sexta-feira, a vitória de Raissi era já esperada face à fragilidade dos adversários e pela prévia anulação, pelo Conselho de Guardiães, de alguns candidatos importantes do setor reformista e moderado.
O líder supremo do Irão, aiatola Ali Khamenei, elogiou a “épica” participação popular nas eleições, afirmando que o principal vencedor da votação é a nação iraniana.
Khamenei destacou que a vontade da população em ir às urnas não foi afetada pela pandemia do coronavírus e pelos apelos à abstenção, embora a realidade mostre que a taxa de participação foi baixa.
Por seu lado, a oposição iraniana no exílio congratulou-se com a “fraca” taxa de participação na votação, saudando o “boicote” como um “golpe para o sistema teocrático”.
Citada pela AFP, a líder do Conselho Nacional de Resistência do Irão (NCRI), Mariam Rajavi, disse que o “boicote nacional” foi o “maior golpe político e social” no sistema liderado pelo líder supremo Ali Khamenei.
“O boicote provou e mostrou ao mundo que a única vontade do povo iraniano é derrubar este regime medieval”, disse Rajavi.
Banido do Irão, o movimento Mujahedin do Povo (MEK) acredita que a “taxa real” de participação foi de 10% e que as autoridades o aumentaram cinco vezes, através de “falsificações astronómicas”, afirmou o NCRI.
A estimativa é baseada em relatórios de 1.200 testemunhas em 400 cidades no Irão e mais de 3.500 vídeos feitos em assembleias de voto, acrescentou o NCRI, sem especificar como conseguiu definir a participação de 10%.
Por seu lado, Reza Pahlavi, filho do deposto Shah Mohammad Reza Pahlavi e herdeiro do trono antes da revolução islâmica de 1979, escreveu na rede scial Twitter que os iranianos mostraram “unidade e solidariedade” ao “boicotarem e ao dizer não ao regime autoritário do Irão”.
“O povo iraniano mostrou a vontade e o poder da nação. A vossa liberdade está próxima”, acrescentou.