26 jun, 2021 - 20:05 • Lusa
Várias unidades da polícia de choque dispersaram este sábado uma manifestação com centenas de pessoas que tentavam celebrar a marcha do orgulho no centro de Istambul, tendo detido vários participantes.
Os manifestantes estavam reunidos num bairro próximo da emblemática Praça Taksim, no centro de Istambul, rodeada de polícias para evitar protestos neste espaço, e começaram a marchar ao longo da Avenida Istiklal, artéria repleta de lojas e espaços de entretenimento na cidade.
A polícia interveio de imediato, usando gás lacrimogéneo e balas de plástico, e fez dezenas de detenções, muitas das quais com base em violência, segundo relata o jornal diário turco Diken.
Em 2004, último ano em que foi autorizada na cidade, a marcha do orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, ‘queer’ e intersexuais) realizou-se num clima de festa e de forma pacífica na Avenida Istiklal, com um afluxo de dezenas de milhares pessoas.
Há 17 anos, a celebração foi proibida pelo Governo, já que, segundo foi argumentado, constituía uma “violação da moral pública”, apesar de a homossexualidade ser legal na Turquia desde 1858.
No ano passado, a bandeira arco-íris, símbolo da comunidade, tornou-se a principal inimiga pública nos setores islâmicos e conservadores que apoiam o Governo do Presidente, Recep Tayyip Erdogan.
Por isso mesmo, essas bandeiras são agora hasteadas com frequência em qualquer manifestação antigovernamental, mesmo que não tenha nada a ver com os direitos de gays e lésbicas, como aconteceu nos protestos estudantis de janeiro passado ou na marcha feminista de 08 de março.
As marchas de orgulho realizam-se este mês em várias das principais cidades de todo o mundo para comemorar as manifestações de junho de 1969, nos Estados Unidos, que iniciaram o movimento de afirmação das comunidades em causa.
Este ano, a comunidade de países europeus manifesta-se ainda contra a posição assumida em 15 de junho pela Hungria, quando foi aprovada uma lei a proibir “a promoção” da homossexualidade junto de menores de 18 anos.
A nova legislação desencadeou a inquietação dos defensores dos direitos humanos, numa altura em que o Governo conservador de Viktor Orbán multiplica as restrições à comunidade LGBTQI.
Na terça-feira passada, treze países da União Europeia instaram a Comissão Europeia a “utilizar todos os instrumentos à sua disposição para garantir o pleno respeito do direito europeu”, perante a lei húngara considerada “discriminatória para as pessoas LGBTQI”.
Redigido por iniciativa da Bélgica, o texto foi assinado por mais 12 Estados-membros: Países Baixos, Luxemburgo, França, Alemanha, Irlanda, Espanha, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Estónia, Letónia e Lituânia.
Dois dias depois, na quinta-feira, os líderes de 17 países da União Europeia, prometeram continuar a lutar contra a discriminação da comunidade LGBTI, reafirmando a defesa dos direitos fundamentais numa carta dirigida ao primeiro-ministro, António Costa – já que Portugal está a ocupar a presidência da União Europeia até ao final do mês – e à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Lyen.