02 jul, 2021 - 17:51 • Lusa
De acordo com as Nações Unidas, no mundo usam-se cinco biliões de sacos de plástico por ano, dos quais 3,5 biliões, cerca de 70%, acabam na natureza ou em aterros e afetam muitas espécies no oceano e em terra.
A produção global de plástico aumentou cerca de 20 vezes nos últimos 50 anos e prevê-se que duplique novamente em 2035 e quadruplique em 2050, segundo um estudo publicado esta quinta-feira pela aliança Rethink Plastic (Repensar o Plástico) e o movimento Break Free From Plastic (Liberta-te do Plástico).
Apesar do plástico ser "uma grande invenção", os sacos deste material constituem um dos problemas mais graves para as espécies, explica o professor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Universidade Europeia Álvaro Luna, citado pela agência EFE, por ocasião da celebração, este sábado (03), do Dia Internacional Livre de sacos de plástico.
São frequentes as imagens de animais apanhados por sacos de plástico no oceano, no entanto o problema também existe em terra firme, assegura Álvaro Luna, porque "em muitos locais de África e do Médio Oriente os animais do campo alimentam-se destes resíduos".
Camelos, cabras e vacas "morrem pela ingestão de sacos de plástico nestes lugares", diz o especialista.
E não sendo estes os únicos resíduos plásticos que causam estragos na natureza, pretendeu-se assinalar o 03 de julho como um dia livre de sacos de plástico para alertar para o problema que causam na natureza.
Existem muitos outros produtos deste material de apenas uma utilização, como palhinhas, garrafas ou recipientes de alimentos que contaminam e se degradam em milhões de pedaços, no que se conhece como microplásticos, um problema que se agravou com a pandemia de covid-19, que fez disparar a utilização de luvas e material plástico.
Campanhas de consciencialização e políticas internacionais e nacionais advogam pela redução e eliminação da utilização de plástico, refere Álvaro Luna, especialmente em produtos de uma única utilização, como garrafas.
No entanto, a luta pela redução e/ou eliminação do plástico é desigual no mundo. Segundo dados das Nações Unidas, em cada ano chegam aos oceanos mais de oito milhões de toneladas de plásticos, muitos procedentes da contaminação vertida nos rios, especialmente no sudeste asiático e na China.
De acordo com o académico, apesar dos acordos internacionais firmados para a eliminação do plástico, em muitos países "é difícil" transpor de forma realista os compromissos estabelecidos para a eliminação de plástico.
Os resíduos plásticos viajaram meio mundo, até que, em 2018, a China negou continuar a ser o depósito deste lixo, uma posição tomada igualmente, na Europa, pela Roménia e pela Bulgária, juntamente com a Turquia.
Mais de 70 países reclamaram às Nações Unidas um novo acordo vinculativo contra este material, entre os quais Espanha e outros países da União Europeia, assim como muitos latino-americanos.
Porém, não figuram entre eles as grandes potências como os Estados Unidos ou a China, nem tão pouco a Índia, a Rússia ou o Brasil.