15 jul, 2021 - 18:06 • Lusa
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O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou esta quinta-feira para o ritmo arrasador da variante delta da Covid-19 no mundo, que deverá ser em breve a estirpe dominante.
"A [variante] Delta está agora em mais de 104 países e esperamos que em breve seja a estirpe dominante da covid-19 que circula em todo o mundo", disse o diretor-geral numa conferência de imprensa "online" a partir de Genebra, para fazer um ponto da situação do coronavírus que provoca a Covid-19.
Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, a semana passada foi a quarta consecutiva com aumento de casos de Covid-19 no mundo, as mortes estão a aumentar de novo, os hospitais estão a atingir a capacidade e o mundo está no meio de uma pandemia crescente de duas faces, com cada vez maiores diferenças entre países.
Pandemia
Diretor-geral da OMS fala em “ondas catastróficas (...)
E se a variante Delta se espalha rapidamente em países com elevada cobertura vacinal, em países onde as vacinas não chegam a situação é "particularmente má", alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus, que falou em "ondas catastróficas de casos" de Covid-19, em "surtos devastadores" e em "trabalhadores da saúde exaustos" e com falta de equipamentos, em países pobres.
"A pandemia está longe do fim", afirmaram em comunicados os peritos que aconselham o diretor-geral da OMS, acrescentando:"Há uma forte probabilidade de surgimento e propagação de novas variantes preocupantes, possivelmente mais perigosas e ainda mais difíceis de controlar", do que as já reportadas pela agência da Organização das Nações Unidas (ONU).
"As tendências recentes são preocupantes, 18 meses após a declaração de uma emergência sanitária pública internacional, continuamos a perseguir o vírus e o vírus continua a perseguir-nos", sublinhou o presidente do comité, o francês Didier Houssin, durante um ponto de situação com a imprensa.
Até agora, a OMS reportou quatro variantes consideradas preocupantes: Alpha, Beta, Gamma e Delta.
Covid-19
A organização lamenta que muitos países, especialm(...)
Tedros Adhanom Ghebreyesus disse na conferência de imprensa que "o mundo está a observar em tempo real como o vírus Covid-19 continua a mudar e a tornar-se mais transmissível". "A minha mensagem de hoje é que estamos a passar por uma emergência de saúde pública cada vez mais grave que ameaça ainda mais vidas, meios de subsistência e uma sólida recuperação económica global".
O responsável máximo da OMS afirmou também que a situação é mais grave nos países com poucas vacinas, mas alertou que a pandemia não acabou em nenhum lugar e que o mundo deveria lutar em conjunto, sublinhando ainda que o fosso global no fornecimento de vacinas é "extremamente desigual e injusto".
Tedros Adhanom Ghebreyesus disse também que as vacinas da Moderna e da Pfizer, em vez de darem prioridade a países com cobertura alta de vacinação deviam fornecer vacinas ao mecanismo COVAX (iniciativa de distribuição equitativa e global de vacinas) a África e aos países pobres, com poucas vacinas ainda.
E frisou que são precisos novos centros de fabrico de vacinas e que as empresas farmacêuticas devem partilhar as suas licenças e tecnologia, salientando o exemplo da AstraZeneca, que tem liderado o licenciamento das suas vacinas em todo o mundo para aumentar a produção.
Além da Europa, Índia e Coreia do Sul, vai haver mais dois locais de fabrico da vacina da AstraZeneca, Japão e Austrália, disse. E acrescentou: "Precisamos que outros fabricantes sigam este exemplo. Milhares de pessoas continuam a morrer todos os dias e isso merece uma ação urgente".
Apesar do aumento da prevalência da variante delta da Covid-19, mais transmissível, responsáveis da OMS disseram esta quinta-feira na conferência de imprensa que as vacinas são eficazes e que evitam a hospitalização e mortes. Mas também disseram que há uma "lacuna" entre a retórica e a distribuição de vacinas no mundo e que não se vê solidariedade.