20 jul, 2021 - 15:47 • Redação
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Um novo estudo calcula que o excesso de mortalidade desde o início da pandemia na Índia ultrapasse os quatro milhões de óbitos, até ao dia 21 de junho. Apesar de o estudo não prever que todas as mortes sejam por Covid-19, estima-se que a pandemia tenha provocado o excesso de mortalidade num país cuja contagem das mortes pela doença é muito disputada.
O cálculo do excesso de mortalidade é feito com base na mortalidade de anos anteriores, sendo possível esperar um determinado número de mortes.
Tendo em conta que o Governo indiano contabiliza mais de 414 mil mortes por Covid-19, o excesso de mortalidade calculado em mais de dez vezes esse valor faz os especialistas acreditar que a pandemia seja a principal culpada.
Outros cálculos para o país estimam que o excesso de mortalidade na Índia seja entre cinco a sete vezes superior que o valor de mortes por Covid-19 contadas pelo Governo.
No total, terão morrido em excesso, desde o início da pandemia até ao dia 21 de junho, entre 3,4 e 4,7 milhões de pessoas.
Com 25.228.996 infeções acumuladas, o país é o seg(...)
E mesmo com as dificuldades em calcular o real número de mortos por Covid-19, Arvind Subramanian, um dos principais investigadores do estudo, concluiu à BBC esse número ronde "a casa dos milhões, e não das centenas de milhares, criando o argumento de que esta é a pior tragédia humana na Índia desde a partição e a independência".
Os cientistas do Centro de Desenvolvimento Global, nos Estados Unidos, calcularam este excesso, primeiro, comparando o número de óbitos registados em sete estados indianos (que representam metade da população) com valores disponibilizados até 2019.
Foram também usados os dados de óbitos por Covid-19 por faixa etária, contabilizados através de dois inquéritos serológicos que decorrem pelo país e o número de famílias que perderam familiares, através de inquéritos de consumo.
Arvind Subramanian disse ser difícil calcular o real número de mortes por Covid-19 na Índia, com muitas a ocorrerem em zonas rurais, sem qualquer intervenção do Governo.
Em abril, com o surgimento da variante Delta na Índia, foi alertada para a elevadíssima propagação da pandemia na Índia, com festivais religiosos e atividades desportivas a provocarem valores de mortes sem precedentes - o país chegou a registar mais de quatro mil mortes e mais de 400 mil casos por dia.
Além disso, o ceticismo em torno da vacinação - mesmo com o país a ser o principal fabricante de vacinas do mundo - resultou num crescimento exponencial da variante.
Arvind Subramanian resume à BBC que o "resumo mais crítico" é que o número de óbitos "é provavelmente muito superior à contagem oficial".