29 jul, 2021 - 07:52 • Lusa
O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez 87 insultos à imprensa do país entre janeiro e junho deste ano, um crescimento de 74% face o segundo semestre de 2020, segundo relatório divulgado pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Para a RSF, trata-se de um crescimento "quase vertiginoso" dos ataques do líder brasileiro que adotou um sistema de insultos aos ‘media’ no qual três dos seus filhos, membros do legislativo nacional e regional, também participaram ativamente.
Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, foi o autor de 83 ataques à imprensa no primeiro semestre do ano, Eduardo Bolsonaro, deputado federal, foi responsável por 85 ataques contra os ‘media’ brasileiros e o senador Flávio Bolsonaro os insultou 15 vezes.
No total, o "sistema Bolsonaro", conforme foi descrito pela RSF, foi responsável por 331 ataques à imprensa no Brasil, um aumento de 5,41% face ao segundo semestre de 2020.
Os ataques à imprensa também vieram de outros membros do Governo brasileiro.
Entre os ministros mais ofensivos estão Onyx Lorenzoni, nomeado hoje ministro do Trabalho, e Damares Alves, chefe da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, com 18 e sete ataques nas redes sociais, respetivamente, naquele período.
A RSF analisou relatos de Bolsonaro, dos seus filhos e de membros do Governo no Twitter e no Facebook, principais canais de ataques a jornalistas e meios de comunicação social.
Da mesma forma, foram analisadas aparições públicas, entrevistas e programas semanais ao vivo do Presidente, em que este proferiu palavrões contra a imprensa em 19 dos 24 programas transmitidos entre janeiro e junho.
A Rede Globo foi a ‘media’ mais atacada, com 76 insultos no total. Seguiram-se Grupo Folha (44) e o jornal O Estado de S.Paulo (11). Outros meios de comunicação social, como o Portal UOL e CNN Brasil, também foram alvo de Bolsonaro.
Em 2020, a imprensa brasileira sofreu 580 ataques, 85% de Bolsonaro e os seus três filhos, num ano que foi descrito como "desastroso" pela RSF.
O Brasil caiu da posição 107 para a 111 no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa e, pela primeira vez na história, ficou na zona vermelha, a mais crítica desse índice elaborado anualmente pela RSF.