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Sentados à porta a conversar. Aldeia espanhola quer que este hábito se torne património

09 ago, 2021 - 09:36 • Marta Grosso

É um hábito ancestral que faz bem à saúde mental e afasta a solidão, defende o autarca de Algar, uma pequena aldeia de Cadiz.

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No tempo das redes sociais e dos contactos à distância, há uma pequena aldeia espanhola que quer promover uma forma mais ancestral de contacto, cara a cara e que também tem prática antiga em Portugal: sentar-se à porta de casa a conversar com os vizinhos.

A ideia partiu do autarca de Algar, uma aldeia de Cadiz, que quer elevar este hábito a Património Imaterial da Unesco.

As conversas de vizinhos sentados à porta de casa são mais comuns nas noites de Verão, quando o calor aperta. E acontece tanto em Espanha como em Portugal, em muitos locais do Alentejo e do Algarve, por exemplo.

A aldeia de Algar tem pouco mais de 1.400 habitantes e hábito mantém-se. No Verão, os moradores abrem a porta de casa e sentam-se numa cadeira ao ar livre, onde conversam com a família, os amigos e os vizinhos.

“É o oposto das redes sociai”, diz José Carlos Sánchez, o autarca, ao jornal britânico “Guardian”. “Trata-se de conversas cara a cara”, acrescenta.

Ainda assim, “já não é o que era”, admite. E é por isso que quer “voltar a ter todos fora de casa, ao ar livre, em vez de estarem a navegar pelo Facebook ou a assistir televisão dentro de casa”.

José Carlos Sánchez é um dos que pratica a tradição. Passa noites amenas de Verão à porta da casa da mãe de 82 anos. E é com facilidade que lista os benefícios de tal prática:

  • Apanha ar fresco
  • Poupa energia e o ambiente ao desligar o ar condicionado durante algumas horas
  • Reforça o sentido de comunidade
  • Fica a saber as últimas novidades
  • Ajuda a saúde mental, pois mantêm a solidão mais afastada e controlada

“Os residentes saem para a rua e, em vez de sentirem que estão sozinhos, conseguem uma sessão de terapia”, afirma o autarca de 38 anos. “Eles partilham histórias ou problemas que estão a atravessar e os vizinhos tentam ajudar”, sustenta.

Até agora, garante José Carlos Sánchez, não recebeu qualquer crítica à iniciativa de elevar a Património da Humanidade este hábito ancestral. A receção “tem sido muito positiva”. O autarca aguarda agora passar às próximas etapas deste processo que pode levar anos.

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