15 ago, 2021 - 15:23 • Marta Grosso com agências
O Presidente afegão, Ashraf Ghani, deixou o país neste domingo, avança a imprensa internacional, citando autoridades afegãs.
Segundo as últimas informações, o vice-presidente, Amrullah Saleh, também terá fugido.
Isto depois de os talibãs terem chegado a Cabul, esta manhã. Ghani está sob crescente pressão para renunciar, uma vez que as principais cidades do Afeganistão caíram nas mãos de rebeldes nos últimos 10 dias.
Horas antes de ter saído do país, o Presidente afegão pediu neste domingo às autoridades que garantam a “segurança de todos os cidadãos” e avisou que pode recorrer à força.
Numa mensagem de vídeo enviada à comunicação social, Ghani diz ter ordenado às forças de segurança que garantam a lei e ordem em Cabul após a chegada dos talibãs, neste domingo de manhã.
“Ordenei às forças de segurança […] que garantam a segurança de todos os nossos cidadãos. É nossa responsabilidade e vamos fazê-lo da melhor maneira possível”, afirmou, avisando que “quem pensar em criar caos ou iniciar saques será tratado com recurso à força”.
Com a saída do Presidente, os talibãs entraram em Cabul com vista a impedir os saques. Desde que chegaram aos arredores da capital, o movimento tem dito que quer assumir o poder através de uma transição pacífica, a acontecer nos próximos dias.
“Nos próximos dias, queremos uma transferência pacífica” de poder, afirmou à BBC o porta-voz Suhail Shaheen, que está a participar nas negociações.
“Asseguramos ao povo do Afeganistão, especialmente na cidade de Cabul, que as suas propriedades e vidas estão seguras. Não haverá vingança para ninguém”, garantiu ainda, acrescentando que os talibãs são “os servos do povo e deste país”.
“A nossa liderança instruiu as nossas forças a permanecer às portas de Cabul; não a entrar na cidade. Estamos a aguardar uma transferência pacífica de poder”, afirmou também Suhail Shaheen à BBC, assegurando que todos os afegãos terão participação no Governo islâmico – o que significa que os afegãos não talibãs também serão incluídos.
Os rebeldes islâmicos chegaram neste domingo às portas de Cabul e encontram-se a negociar uma transição de poder no palácio presidencial da capital.
Afeganistão
Os rebeldes chegaram à capital afegã, a última gra(...)
Entretanto, o ministro do Interior afegão, Abdul Sattar Mirzakwal, já veio afirmar que haverá uma “transferência pacífica de poder” e que “os afegãos não devem preocupar-se”, pois, “não haverá qualquer ataque à cidade [de Cabul]”.
Mas o pânico e o caos instalaram-se na capital afegã, com pessoas fechadas em casa, depois de as autoridades afegãs pedirem a todos que abandassem os seus postos de trabalho e fossem para casa. Lojas e bancos estão encerrados e o trânsito está paralisado por fortes engarrafamentos.
Em pouco mais de uma semana, os talibãs tomaram controlo de praticamente todo o país, tendo elevado para 28, neste domingo, o número de capitais de província sob seu domínio, de um total de 34.
Isto, depois de os Estados iniciarem a retirada do país, um processo acelerado neste domingo com a chegada dos talibãs a Cabul.
Os diplomatas estão a ser transportados de helicóptero da embaixada dos Estados Unidos no distrito fortificado de Wazir Akbar Khan para o aeroporto internacional, informa a Reuters.
A pista está cheia de soldados, diplomatas e civis a tentar sair da cidade.
Por outro lado, o Presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou no sábado o destacamento de mais dois mil soldados para apoiar a evacuação, além dos 3.000 já posicionados nos últimos dias.
Estima-se que existam cerca de 1.400 norte-americanos a trabalhar no Afeganistão.
Centenas de prisioneiros fugiram neste domingo da prisão de Charikar, situada a 69 quilómetros de Cabul.
Segundo fontes da polícia citadas pela imprensa internacional, a fuga aconteceu devido à negligência do diretor da prisão. Saíram cerca de 600 presos, entre os quais vários talibãs, avança o “Pajhwok Afghan News”.
De acordo com um morador de Charikar, as forças de segurança dispararam tiros contra os fugitivos, o que causou o pânico entre a população.