16 ago, 2021 - 17:19 • Hélio Carvalho , com agências
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, pediu esta segunda-feira ao Conselho de Segurança que use "todas as ferramentas ao seu dispor" para prevenir ataques aos direitos humanos no Afeganistão.
Guterres também sublinhou que a comunidade internacional deve "estar disposta a receber refugiados afegãos e travar quaisquer deportações".
Em declarações depois de uma reunião de emergência dos 15 membros do Conselho de Segurança, o líder da ONU apelou aos talibãs e a todas as entidades no Afeganistão que procurem "proteger as vidas" dos cidadãos e garantam "que as necessidades humanitárias sejam cumpridas".
O ministro dos Negócios Estrangeiros diz que "é ho(...)
Segundo o português, cerca de 18 milhões de pessoas (metade da população do país) necessita de ajuda humanitária.
"A comunidade internacional deve unir-se para se assegurar de que o Afeganistão nunca mais será utilizado como uma plataforma ou um refúgio para organizações terroristas", vincou ainda Guterres.
A reunião de emergência surge um dia depois dos talibãs terem tomado o poder no Afeganistão depois de 20 anos de guerra e de presença americana no país.
O português também disse estar preocupado com as restrições aos direitos das mulheres, alertando para "as violações constantes de direitos humanos contra as mulheres e meninas do Afeganistão, que teme um regresso aos dias negros" da ocupação talibã antes da guerra que começou em 2001.
Desde que os talibãs tomaram Cabul, a capital afegã, há relatos de mulheres que voltaram a comprar burkas para taparem o rosto e o corpo e crianças que abandonaram a escola, com medo da retaliação conservadora e extremista do grupo.
Acrescentou ainda Guterres que "os próximos dias serão decisivos" e que "o mundo está de olhos postos em nós".
"Não devemos nem podemos abandonar a população do Afeganistão:"
Segundo o "The New York Times", na discussão terá sido discutido o reconhecimento internacional de um governo dos talibãs, que abrira as portas para a entrada do grupo na ONU - apesar de muitos países condenarem o regime brutal dos extremistas islâmicos e porem de parte uma declaração que reconheceria legitimidade à ocupação.