16 ago, 2021 - 20:57 • Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, consultou esta segunda-feira o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o seu homólogo chinês, Wang Yi, sobre a ascensão dos talibãs ao poder no Afeganistão.
De acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Lavrov e Blinken discutiram, numa conversa telefónica, "a situação no Afeganistão após a fuga do Presidente Ashraf Ghani do país" e "a mudança de regime de facto em curso".
Lavrov informou Blinken sobre as consultas entre a embaixada russa em Cabul e representantes de todas as forças políticas afegãs para assegurar a estabilidade, a lei e a ordem no país.
Por seu lado, Blinken deu uma explicação sobre as medidas tomadas pelos EUA para a evacuação do seu pessoal da delegação diplomática e falou sobre outras questões humanitárias.
Os dois diplomatas concordaram em continuar as consultas, envolvendo a China, Paquistão e outros países interessados, bem como a ONU, para que se criem as condições "para um diálogo inclusivo entre afegãos".
Por sua vez, Lavrov e Wang defenderam a coordenação das posições de política externa sobre o que aconteceu no Afeganistão e "o seu impacto na região".
O enviado especial do Presidente russo Vladimir Putin para o Afeganistão, Zamir Kabulov, disse esta segunda-feira que o Presidente afegão "merece ser julgado" por ter fugido do país.
"Ele não partiu (do Afeganistão), fugiu. E ele fugiu da forma mais vergonhosa. Mas o que realmente aconteceu: foi eleito de uma forma duvidosa, governou mal e terminou de uma forma vergonhosa. Ele merece ser julgado pelo povo afegão", afirmou na televisão.
Ao mesmo tempo, apelou a que não houvesse pressa em reconhecer os talibãs, uma decisão que dependerá do seu comportamento, agora que tomaram o poder.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo informou que a situação no país está a estabilizar face à "total ausência, na prática, de resistência por parte do exército nacional, treinado pelos EUA e seus aliados".
Contudo, apelou a todas as partes para que se abstivessem de recorrer à violência e ajudassem a resolver a situação pacificamente.