23 ago, 2021 - 09:33 • Marta Grosso com Reuters
A Grécia construiu um muro com cerca de 40 quilómetros junto à fronteira com a Turquia e anunciou a implementação de um novo sistema de vigilância para impedir que possíveis requerentes de asilo do Afeganistão tentem chegar à Europa após a tomada do poder pelos talibãs.
A mudança de regime em Cabul fez crescer na União Europeia o receio de uma repetição da crise de refugiados de 2015, altura em que quase um milhão de pessoas, fugindo da guerra e da pobreza no Oriente Médio, entraram na Grécia e na Turquia para chegar depois aos países europeus mais ricos.
A Grécia não quer voltar a estar nessa linha de frente e já afirmou que as forças de fronteira estão em alerta para garantir que não se torne a porta de entrada da Europa novamente.
A crise do Afeganistão criou “possibilidades para fluxos de migrantes”, disse o ministro da Proteção ao Cidadão, Michalis Chrisochoidis, após visitar a região de Evros na sexta-feira com o ministro da Defesa e o chefe das Forças Armadas.
“Não podemos esperar passivamente pelo possível impacto”, defendeu em declarações aos jornalistas, acrescentando: “As nossas fronteiras permanecerão seguras e invioláveis”.
Prevê-se que com a tomada de poder dos talibãs ger(...)
Desde 2016 (ano que a UE fechou um acordo com a Turquia para conter os fluxos em troca de apoio financeiro) que as chegadas de migrantes à Grécia, quer por via terrestre quer por via marítima, desaceleraram.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, e o Presidente turco, Tayyip Erdogan, discutiram o Afeganistão pelo telefone. Na opinião do líder turco, o Afeganistão e o Irão devem ser apoiados de modo a evitar uma nova onda de migração.
A Turquia, contudo, também já anunciou a construção de um muro com vista a conter uma onda de refugiados afegãos. Este muro terá 295 quilómetros de comprimento e estará fortificado com arame farpado e trincheiras ao longo da fronteira com o Irão (que faz fronteira com o Afeganistão).
Grécia e Turquia são aliadas na NATO, mas rivais históricos há décadas, sobretudo por reivindicações territoriais concorrentes no Mediterrâneo oriental.
Nos últimos meses, Atenas endureceu a sua política de migração, cercando os campos de migrantes e lançando licitações em toda a UE para construir duas instalações fechadas nas ilhas de Samos e Lesbos, perto da Turquia.
Afeganistão
Primeiro grupo a ser distribuído pela União Europe(...)