29 ago, 2021 - 10:14
A França e o Reino Unido vão propor ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a criação de uma zona de segurança no aeroporto de Cabul, sob controle da ONU, para que possam manter-se operações de retirada de pessoas.
Esta intenção foi feita pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, numa entrevista publicada pelo “Le Journal du Dimanche”.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas reúne-se na segunda-feira de emergência, na sequência de uma convocatória do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
A criação dessa zona de segurança é “muito importante” e “forneceria um quadro para as Nações Unidas agirem com urgência”, explicou Macron, citado pela AFP.
O objetivo é criar condições para poder dar continuidade às operações humanitárias, através do aeroporto civil de Cabul, sendo que as operações que a forças internacionais concluíram ou estão a concluir têm sido realizadas através do aeroporto militar.
“Ainda temos nas nossas listas milhares de afegãos que queremos proteger, que estão em perigo por causa dos seus compromissos”, referiu o presidente francês, apontando, nomeadamente juízes, artistas ou intelectuais.
A publicação observa que Macron está “inquieto” para ver se a Rússia e a China vetam este projeto de resolução e correm o risco de ser cúmplices de execuções que os talibãs possam realizar.
Durante a entrevista, o Presidente francês também falou sobre a questão de alojar refugiados e imigrantes afegãos.
“Aqueles a quem recusamos asilo não poderão regressar ao seu país”, por isso “temos de nos coordenar” para evitar que cidadãos afegãos vagueiem “por toda a Europa à procura de um país que lhes ofereça um melhor acolhimento”, defendeu.
Esta questão, disse, deve ser negociada “sem hipocrisia”.
Neste contexto alerta para as declarações dos Estados Unidos e dos 100 mil afegãos que dizem ter retirado, uma vez que Washington fez acordos com vários países como a Macedónia, Kosovo ou Uganda para abrigar milhares destas pessoas, muitos de forma temporária.
“Sejamos honestos. Todos estes afegãos não irão necessariamente para os Estados Unidos e alguns deles tentarão chegar à União Europeia. Devemos falar claramente sobre isto com os nossos amigos americanos”, sublinha Macron, “para evitar tensões políticas entre os Estados”.
Os líderes ocidentais já assumiram que a retirada de forças dos seus países implicará deixar para trás alguns civis e muitos afegãos que os ajudaram durante os 20 anos de intervenção no Afeganistão e comprometeram-se a falar com os talibãs para que deixem aliados afegãos sair do país após o fim do prazo determinado pelo Presidente norte-americano para a retirada: a próxima terça-feira.
Embora a maior parte dos aliados ocidentais já tenha terminado as suas operações de retirada, os Estados Unidos vão manter continuamente voos de evacuação até ao fim do prazo.
As zonas onde as pessoas se tinham vindo a concent(...)