03 set, 2021 - 12:45 • Lusa
Os chefes de diplomacia da União Europeia (UE), reunidos na Eslovénia, acordaram que o “relacionamento operacional” com os talibãs enquanto nova autoridade afegã dependerá do seu “comportamento”, que medirão com base em cinco critérios.
Na sequência de um debate iniciado na sessão de trabalho de quinta-feira à noite e que prosseguiu esta sexta-feira de manhã, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, que preside à reunião informal em Kranj, fez um resumo das discussões, começando por explicar que os 27 continuam a considerar o futuro do Afeganistão “uma questão-chave”, até porque tem “impacto direto na segurança europeia”, e “insistiram fortemente na ideia” de que a União deve continuar comprometida com o seu apoio ao povo afegão.
“E para apoiar a população temos de lidar com o novo governo no Afeganistão, o que não é um reconhecimento. É um relacionamento operacional, que aumentará em função do comportamento do governo, e para o medirmos precisamos de critérios, que discutimos”, disse, expondo de seguida os cinco critérios acordados.
O chefe da diplomacia europeia apontou então que o relacionamento com as novas autoridades afegãs dependerá do seu “compromisso para que o Afeganistão não sirva como base para exportação de terrorismo para outros países”, “o respeito pelos direitos humanos, em particular os direitos das mulheres, o Estado de direito e liberdade de imprensa”, “o estabelecimento de um governo de transição inclusivo e representativo através de negociações entre forças políticas”, o “livre acesso a ajuda humanitária” em respeito pelos procedimentos e condições determinadas pela UE para a sua entrega.
O quinto e último critério é o de os “talibãs cumprirem o seu compromisso” de deixar sair do país todos aqueles que assim o desejarem, tal como decidido pela recente resolução do Conselho de Segurança da ONU.
Nesta matéria, Borrell anunciou que os 27 concordaram também que é necessário “um esforço coordenado para prosseguir a evacuação”, designadamente dos cidadãos afegãos que colaboraram com as forças internacionais e que receiam represálias, ainda que, tal como decidido pelos ministros do Interior, os Estados-membros da UE recebam refugiados “numa base voluntária”.
Para esse efeito, e por ser forçosa a colaboração das novas autoridades afegãs, a UE conta manter uma “presença conjunta” em Cabul, “desde que as condições de segurança o permitam”, disse.
“Vamos julgar o comportamento deles [talibãs] de acordo com estes cinco marcos. Muitos dirão que não vão cumpri-los. Mas vamos ver”, comentou.
Portugal está representado na reunião de Kranj pelo ministro Augusto Santos Silva.