03 set, 2021 - 09:57 • Olímpia Mairos com Reuters
A Polónia declarou o estado de emergência em duas regiões da fronteira com a Bielorrússia, após uma onda de imigração ilegal, que Varsóvia atribuiu ao país vizinho.
Segundo a agência Reuters, a acusação é secundada pela União Europeia: ambos culpam o presidente bielorrosso, Alexander Lukashenko, de encorajar centenas de imigrantes a cruzarem o território polaco. Em causa estará uma forma de pressão do governo ditatorial para pressionar a União sobre as sanções que impôs ao país.
A medida proíbe reuniões em massa e limita os movimentos das pessoas numa faixa de terra de três quilómetros ao longo da fronteira. Vai vigorar durante, pelo menos, 30 dias.
Nos últimos dias, há relatos da presença da polícia polaca e de veículos blindados naquela área.
Segundo uma moradora da cidade fronteiriça polaca de Krynki, “a atmosfera é agressiva, pois há soldados uniformizados e armados em todos os lugares”.
“Isso lembra-me a guerra”, disse a moradora.
A Polónia começou a construir uma cerca de arame farpado na semana passada, para conter o fluxo de migrantes de países como o Iraque e o Afeganistão.
Recorde-se que a UE impôs sanções económicas à Bielorrússia após uma eleição disputada em agosto de 2020 e uma repressão à oposição, e acusa Lukashenko de deliberadamente ter encorajado os migrantes a atravessarem para a Polónia, Letónia e Lituânia como forma de retaliação.
Em recentes declarações à agência de notícias estatal bielorrussa, o ministro das Relações Exteriores da Bielorrússia, Vladimir Makei, culpou os “políticos ocidentais” pela situação que se vive nas fronteiras.
Já o porta-voz presidencial polaco Blazej Spychalski refere que a situação na fronteira é “difícil e perigosa”, realçando que sendo a Polónia responsável pelas suas fronteiras, mas também pelas fronteiras da União Europeia, devem “tomar medidas para garantir a segurança da Polónia e da União”.
Por sua vez, os ativistas de direitos, que se encontram no terreno, acusaram as autoridades polacas de negar cuidados médicos adequados aos migrantes encalhados, mas o Governo de Varsóvia contrapõe dizendo que essa responsabilidade cabe à Bielorrússia.