11 set, 2021 - 10:55 • Lusa
Nove em cada dez famílias afegãs não têm comida suficiente para sobreviver, alerta ONU, antes da conferência para angariar 512,5 milhões de euros que a organização diz necessários para combater a pobreza no país.
Anthea Webb, vice-diretora regional do Programa Alimentar Mundial (PAM) para a Ásia-Pacífico, numa videoconferência a partir de Banguecoque, num “briefing” da ONU, disse que cerca de 93% das famílias no país não têm comida suficiente.
Os dados foram obtidos a partir de uma sondagem realizada telefonicamente pelo PAM entre 21 de agosto, uma semana depois de os talibãs terem conquistado Cabul, e 5 de setembro nas 34 províncias do país.
“Três em cada quatro famílias reduzem as porções ou pedem comida emprestada e também compram alimentos mais baratos, renunciando a alimentos mais nutritivos como laticínios, carne ou vegetais”, acrescentou.
Segundo a responsável do PAM, a situação já era muito crítica por causa da pandemia e de uma forte seca, mas a dificuldade de acesso ao dinheiro desde a chegada dos talibãs ao poder agravou ainda mais a situação e os preços dos alimentos básicos subiram.
“A proporção de famílias que recorrem a estratagemas extremos para compensar (a falta de comida) dobrou”, frisou Webb, citando o exemplo de pais que acabam por não se alimentar para dar a comida aos filhos.
A insegurança alimentar já era generalizada antes de 15 de agosto, quando 81% das famílias assumiu que não tinha o suficiente para comer.
O PAM, sozinho, precisa de 170 milhões de euros até o final do ano para ajudar 14 milhões de afegãos de uma população total de 38 milhões.
A conferência ministerial, que decorrerá segunda-feira em Genebra na presença do secretário-geral da ONU, António Guterres, tem previsto reunir cerca de 40 ministros dos países membros, alguns deles presencialmente, além dos responsáveis das principais agências da ONU ativas no Afeganistão.
Com o regresso dos talibãs ao poder em Cabul, em meados de agosto, surgiram novas necessidades, destacou, por seu lado, o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Os 512,5 milhões de euros incluem 350 milhões para operações não financiadas que já figurava num apelo anterior, e 162,5 milhões de euros destinados às novas necessidades.