23 set, 2021 - 23:59 • Lusa
O opositor russo na prisão Alexei Navalny acusou, esta quinta-feira, as gigantes tecnológicas norte-americanas Apple e Google de conluio com o Kremlin, por terem removido a sua aplicação sobre as eleições legislativas, a pedido das autoridades russas.
"Se alguma coisa me surpreendeu nestas eleições, não foi tanto o facto de Putin falsificar os resultados, mas como a todo-poderosa Big Tech se tornou docilmente sua cúmplice", disse Navalny, numa mensagem divulgada pela sua equipa na rede social Instagram.
"É uma coisa quando os monopolistas da internet tomam o comando, com sólidos princípios de vida, de gentis 'geeks' amantes da liberdade. Mas é outra coisa bem diferente quando essas pessoas no comando são, ao mesmo tempo, cobardes e gananciosas", prosseguiu.
"Em grandes ecrãs, dizem-nos que querem 'fazer do mundo um lugar melhor', mas na realidade não passam de mentirosas e hipócritas", acrescentou o opositor ao poder russo, referindo-se explicitamente às empresas Google, Apple e Telegram.
Sob a pressão de Moscovo, a Apple e a Google procederam na sexta-feira passada à retirada das suas lojas 'online' na Rússia da aplicação da equipa de Alexei Navalny, que permitia obter informações eleitorais para votar contra os candidatos do Kremlin nas legislativas que decorreram entre 17 e 19 de setembro.
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A Google bloqueou igualmente dois vídeos na plataforma Youtube, de que é proprietária, nos quais os apoiantes do opositor russo partilharam essas informações sobre os candidatos da oposição.
O serviço de mensagens instantâneas Telegram, muito popular na Rússia, também suprimiu essas instruções a 18 de setembro, a pedido da autoridade que supervisiona as telecomunicações russas.
Segundo fontes contactadas pela agência francesa AFP, as autoridades ameaçaram deter funcionários da Apple e da Google na Rússia, e foi por essa razão que as duas tecnológicas cederam às pressões e retiraram a aplicação.
A oposição russa denunciou fraudes maciças nas legislativas, em que o partido no poder, o Rússia Unida, obteve uma maioria de dois terços, pondo fim a um escrutínio à medida de que foram excluídos os críticos do Presidente, Vladimir Putin.
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