24 set, 2021 - 23:22 • Lusa
O antigo primeiro-ministro espanhol Felipe González disse hoje não acreditar que haja em Espanha alguém "mais capaz de fazer figuras ridículas" do que o ex-presidente da Catalunha Carles Puigdemont.
Num debate feito esta tarde sobre "Política e jornalismo" para assinalar o 211.º aniversário das Cortes de Cádis, o ex-presidente socialista respondeu assim a declarações de Carles Puigdemont após sair da prisão na Sardenha, Itália, que comentou a sua detenção (na quinta-feira) afirmando que "Espanha não perde nunca a oportunidade de fazer figuras ridículas".
No debate Felipe González defendeu que se mantenha o diálogo "com o governo independentista" da Catalunha "e com a sociedade catalã" para resolver politicamente o conflito.
"Aqui faz falta política, mas política dentro da Constituição" que é o "nosso primeiro cinto de segurança", disse o responsável, acrescentando que se não se quer judicializar o conflito catalão, como aconteceu, o que não se pode é "quebrar as regras do jogo" e querer fazer um referendo sobre a independência.
Felipe González criticou também a política atual, que considerou uma "política de trincheiras", "muito mais crispada".
E disse que a tensão está a causar "danos à convivência democrática, à política e ao jornalismo".
O líder independentista catalão Carles Puigdemont foi hoje libertado e autorizado a deixar, temporariamente, a Itália, onde foi detido na noite de quinta-feira, à chegada, indicou o seu advogado.
Saudado por apoiantes, o ex-presidente do Governo regional catalão, acusado por Madrid de envolvimento numa "tentativa de secessão" em 2017, deixou hoje a prisão de Sassari, na Sardenha, onde estava detido.
Segundo o ex-presidente catalão, a "decisão" do Tribunal Geral da União Europeia sobre a sua liberdade de movimentos por território europeu, na sua condição de eurodeputado, era "claríssima".
Explicou ainda que antes de aterrar no aeroporto da Sardenha na quinta-feira, "tinha uma notícia de que havia 'carabinieri' [um ramo das Forças Armadas]" e pensou que "isto podia acontecer", numa alusão à sua detenção.
De visita à ilha de Palma, onde um vulcão entrou em erupção, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, considerou que o líder independentista, que fugiu em 2017 para a Bélgica para escapar às perseguições judiciais e onde ainda vive, deve "submeter-se à justiça" espanhola.