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Portugal quer retirar 72 afegãos que colaboraram com militares

28 set, 2021 - 18:42 • Lusa

Ministro da Defesa diz que, para já, as famílias em causa estão bem, mas tal como os outros aliados Portugal encontra-se a "procurar oportunidades para ajudá-las a sair".

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Portugal identificou 72 afegãos que colaboraram com militares portugueses no Afeganistão que pretende retirar do país. O ministro da Defesa Nacional aponta para o "dever moral" de ajudar estes cidadãos.

"Temos hoje identificadas 19 famílias com um total de 72 pessoas que ainda estão em Cabul ou no Afeganistão para retirar", adiantou o governante socialista.

João Gomes Cravinho falava no parlamento, na Comissão de Defesa Nacional, onde foi esta tarde ouvido sobre o fim da missão das Forças Nacionais Destacadas no Afeganistão, no seguimento de uma pergunta feita pelo deputado do CDS-PP, Pedro Morais Soares.

"Neste momento, estamos em contacto, dessas 72, com 45. Vinte sete não responderam ao último contacto, mas continuaremos a procurar contactá-las", acrescentou o governante, apontando que todas estas famílias estão localizadas.

Para já, adiantou, as famílias em causa estão bem mas tal como os outros aliados Portugal encontra-se a "procurar oportunidades para ajudá-las a sair".

"Calcula-se que serão cerca de 1.800 pessoas em circunstâncias semelhantes para o conjunto de países da NATO e, portanto, dessas 1.800, 72 têm as portas abertas se quiserem vir para Portugal e quando houver condições para isso", disse.

Gomes Cravinho destacou o "trabalho absolutamente notável, em circunstâncias de enorme dificuldade", dos quatro militares que se deslocaram pela última vez ao Afeganistão para ajudar na retirada de cidadãos do país, em finais de agosto, que permitiu trazer na altura "56 pessoas daquele universo inicial de 116, que, entretanto, depois aumentou para 139 porque outros nomes se acrescentaram".

"Estabelecemos desde o princípio que Portugal tinha um dever moral de receber em Portugal aqueles que tinham colaborado com as Forças Nacionais Destacadas portuguesas e que estavam naturalmente em perigo de vida, exatamente por esse facto, isto é, eles arriscaram as suas vidas para trabalhar com as nossas forças e por isso temos esse dever moral de apoiá-los a eles e às famílias", sustentou.

João Gomes Cravinho vincou ainda que "não se coloca em cima da mesa qualquer ideia de um resgate militar", apontando que atualmente o diálogo com o regime talibã é feito através da Turquia.

"Aquilo que se pretende é que através do diálogo com um regime que, esperemos, quererá mostrar alguma boa vontade, que crie condições para a saída. Sabemos também que há alguns que têm saído pelo seu próprio pé, literalmente, atravessando fronteiras e em alguns casos conseguiram entrar em contacto com autoridades portuguesas e fazer o seu caminho para Portugal apoiados devidamente", acrescentou, não querendo adiantar mais pormenores para não colocar nenhum destes cidadãos em perigo.

De acordo com o ministro, Portugal já recebeu 197 refugiados vindos do Afeganistão, mantendo a abertura para receber mais, num trabalho que tem sido feito em conjunto pelo Governo por vários ministérios e entidades, nomeadamente o da Administração Interna.

Depois de questionado pelo deputado do CDS sobre se existe um "rastreio" destas pessoas, o responsável pela tutela apontou que estão a ser acompanhadas "até porque a sua documentação está a ser processada e naturalmente também precisam de apoio nestes tempos iniciais de instalação e Portugal".

Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO, que se encontravam no país desde 2001, na sequência do combate à Al-Qaida após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

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