04 out, 2021 - 12:28 • Lusa
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apelou esta segunda-feira aos moçambicanos que integraram grupos rebeldes em Cabo Delgado, para que deixem de fugir e se entreguem às Forças de Defesa e Segurança (FDS).
"Queríamos convidar para, sozinhos, não esperarem a morte por perseguição, não é essa intenção das FDS: de uma forma ordeira, entreguem-se, para não serem atingidos inocentemente, porque não têm para onde ir", referiu.
Nyusi falava num discurso durante as cerimónias do Dia da Paz, que se assinala esta segunda-feira em Moçambique, feriado alusivo à assinatura do Acordo Geral de Paz, em 1992, entre o governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Em Cabo Delgado (norte de Moçambique), uns foram recrutados, outros aderiram voluntariamente a grupos insurgentes, que agora parecem estar em debandada devido a uma ofensiva militar conjunta.
"Saíram de uma aldeia destruída, já têm medo ou pena de voltar para lá e estão a correr de um lado para outro a ser perseguidos infinitamente", disse Nyusi, face a operações militares com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que estão desde julho a recuperar terreno aos insurgentes.
"Viu-se isso antes de ontem", sábado, disse Nyusi, dando o exemplo de proteção à população durante um incidente com rebeldes.
Segundo descreveu, foi uma "tentativa que pregou susto à população de Namitile onde o inimigo fez tiros para o ar para tentar recuperar algumas senhoras do Niassa", província vizinha.
"Essas senhoras estão connosco, vamos protegê-las e não podem ser resgatadas pelo inimigo", disse.
Filipe Nyusi disse que, em Cabo Delgado, "os combates estão a acontecer" e fazem com que "o inimigo não encontre um espaço permanente", depois da "destruição da base Mbau, Siri 1, Siri 2 e outras bases" onde o "inimigo se escondia".
"Temos a certeza que há dirigentes ou líderes dessas forças que estão a fugir, até para fora do país", acrescentou.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.