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Vulcão das Canárias pode expelir lava durante “três ou quatro meses”

04 out, 2021 - 15:23 • Liliana Monteiro , Marta Grosso

O vulcanólogo Vítor Hugo Forjaz deixa um olhar sobre este fenómeno da natureza que estuda desde os 17 anos. “A lava é o sangue do planeta” e “o espetáculo que agora se está a processar é raro”, diz à Renascença.

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Lança lava a alturas nunca antes vistas, invadiu o mar e transformou por completo a ilha de La Palma. O vulcão Cumbre Vieja está há 16 dias a aumentar a atividade e a abrir novas fendas e bocas de lava, que destroem tudo o que surge pela frente.

O vulcanólogo Vítor Hugo Forjaz, com mais de 80 anos de idade e atento aos vulcões desde os 17 anos, prevê que a atividade se prolongue mais uns meses.

“Uma pergunta que os habitantes daquela ilha fazem diariamente é: quando é que isto vai acabar? Ninguém pode definir uma data. Três meses é a média dos Açores e das Canárias nas anteriores erupções. Dois meses também era um teatro acessível”, começa por dizer.

É muito provável que o fenómeno dure entre três e quatro meses, porque não ocorreu de um momento para o outro. Com 15 dias de antecedência, a Terra tremeu, gerando microssismos – portanto, sismos de pequena energia – que foram aumentando de intensidade e de perigosidade e o vulcão lá apareceu”, destaca ainda.

Vítor Hugo Forjaz adianta que “este vulcão das Canárias tem sido muito influenciado pela Lua. A Lua provoca a maré do mar, mas também marés rígidas em terra. Temos equipamentos que medem isso”.

À memória mais recente não surge um vulcão assim, mas o vulcanólogo diz que não é uma novidade. “Esse fenómeno não se pode considerar excecional. Todos os vulcões têm fraturas que mexem e algumas dessas fraturas fazem com que os vulcões explodam material. É uma sangria que vem do interior da Terra”, refere.

“Os vulcanólogos dizem por brincadeira que a lava é o sangue do planeta. O espetáculo que agora se está a processar é raro, devido à lentidão do avanço das lavas e dos acessos que têm sido roubados”, acrescenta.

Vítor Hugo Forjaz tem estudado muitos vulcões, em particular o dos Capelinhos, nos Açores, e considera que há muito a aprender com o vulcão de La Palma. Mas também muitas contas a fazer sobre o impacto que poderá ter nos restantes vulcões próximos.

O Cumbre Vieja não provocou qualquer vítima, mas os prejuízos materiais já ultrapassam os 400 milhões de euros, segundo as autoridades regionais.

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