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Fátima inspira projeto para pobres na Venezuela

05 out, 2021 - 10:57 • Lusa

O projeto, inspirado pela fé em Nossa Senhora Senhora de Fátima, tem por objetivo aliviar o sofrimento de quem passa mais dificuldades num país que continua a atravessar uma grave crise económica e social.

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A fé em Nossa Senhora de Fátima é a fonte de inspiração da ONG ABC Prodein, que apoia carenciados com atenção médica, alimentação e educação, nos bairros mais pobres da Venezuela, uma iniciativa que quer promover o culto mariano no país.

"Procuramos o desenvolvimento integral das pessoas. Não queremos apenas dar o pão, mas ensinar a pescar. Por isso a educação é um dos campos principais da nossa ação. Temos duas escolas em Carabobo, com 1.300 alunos e outra em (Petare) Miranda com mais de 800 alunos", disse à Lusa uma das religiosas que dinamizam o projeto.

Segundo Andrea Acevedo Vargas, ABC Prodein foi fundada em 1968 pelo padre Rodrigo Molina, no Peru. Tem sede principal na Espanha e presença em 11 países, entre eles a Venezuela, desde 1983.

Entre as linhas de ação, explica, está a segurança alimentar porque "uma pessoa com fome não aprende" e a Venezuela passa por "uma crise humanitária tão forte".

"Na Venezuela, temos oito cantinas, seis comunitárias e duas escolares. Atendemos diariamente mais de 1.200 pessoas e ensinamos-lhes ofícios como doçaria e confeitaria, e cabeleireiro, para que tenham oportunidades de trabalho. Com a ação "Pró-vida" ajudamos mulheres vulneráveis, principalmente com gravidezes indesejadas às que damos atenção médica e psicológica para que prossigam com a gravidez", explicou a religiosa.

Segundo Andrea Vargas, os venezuelanos recebem ainda formação "em amor humano, educação sexual e como fortalecer a vontade, principalmente dos jovens, casamentos e famílias".

Os campos de ação incluem também a saúde, com dispensários em Maca e El Encanto (localidades do bairro de Petare) e distribuição de medicamentos.

Sobre os recursos para o projeto, explicou que fazem alianças e campanhas com empresas e particulares, voluntários, que doam dinheiro, tempo, conhecimentos profissionais, alimentos, medicamentos e roupa. Há ainda "padrinhos" que ajudam com os gastos dos alunos, incentivos aos professores e a alimentação.

A campanha "Dale movimiento a tus cosas" (Põe as tuas coisas em movimento) sensibiliza as pessoas para doar roupas, sapatos, mobiliário e outras coisas em bom estado.

Por outro lado, a irmã Luz Giraldo, explicou à Lusa que atendem em média, diariamente, 300 pessoas carenciadas em El Encantado (Petare), onde distribuem bolsas de comida e servem pequenos-almoços e almoços a carenciados.

"As necessidades são muitíssimas, a todo o nível. É um bairro onde faltam meios de vida e onde chegam pessoas que tiveram que abandonar as suas casas e não tinham para onde ir, que conseguem aqui um espaço e constroem as suas casas de maneira muito precária e rudimentar, com tijolos, latas ou cartões de madeira", disse.

Há 10 anos a ajudar em El Encantado, esta religiosa pede mais ajuda, porque "há muito por fazer e os recursos são escassos perante tanta necessidade".

Victor Marcano, um dos beneficiários, não se cansa de agradecer às religiosas pelo "grande esforço que fazem". E recomenda "procurar a Deus, ir à missa, rezar o terço portar-se bem".

Com 72 anos, Nina Antónia Lievalo vive em El Encantado há mais de 49 anos e insiste "que ajudem mais as irmãs para que elas ajudem, porque este bairro é muito pobre". Pede mais atenção médica e roga a Deus que o coronavírus não chegue por perto.

Eliuska Vargas recebe ajuda para o filho, uma criança que já esteve internada em cinco hospitais, foi diagnosticado com tuberculose, teve uma bactéria no sangue e sofre de insuficiência renal crónica.

"Ele não caminha, não fala e perdeu peso. As irmãs dão-nos alimentos, medicamentos, nutrição. Peço que as ajudem para que possam ajudar-nos, porque têm sido um bastião para o meu filho", frisou.

Na cozinha, Marjorie Palomino, vive "uma experiência muito bonita" ao preparar as refeições para os carenciados, mas alerta que todos os dias chegam pessoas a pedir ajuda.

"Há casas que só têm um colchão para dormir, só isso e mais nada. Não têm roupa, nem frigorífico, nem fogão, nem nada em bom estado", frisou.

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