06 out, 2021 - 23:35 • Lusa
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alerta que a Etiópia atravessa uma "enorme crise humanitária" e pede ao Governo local o acesso "sem entraves" para a ajuda internacional.
"O país enfrenta uma enorme crise humanitária que exige atenção imediata", apontou o diplomata português, citado pela agência AFP, durante uma sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
António Guterres destacou também que a expulsão daquele país na semana passada pelo Governo etíope de sete funcionários da ONU, a maioria trabalhadores humanitários, é "particularmente importante" neste momento.
Depois desta "expulsão sem precedentes, apelo às autoridades etíopes para que nos permitam entregar ajuda humanitária sem entraves e que facilitem o nosso trabalho com a urgência que esta situação exige", acrescentou.
"Esta expulsão sem precedentes deve ser motivo de profunda preocupação para todos nós, porque toca o cerne das relações entre as Nações Unidas e os estados-membros", insistiu António Guterres.
O diplomata frisou ainda que "não foram respeitados" os procedimentos que devem ser seguidos caso haja um problema com o comportamento de um funcionário das Nações Unidas em determinado país.
E salientou que a ONU considerou ilegal declarar os sete funcionários em causa 'persona non grata' e contrário à Carta das Nações Unidas.
De forma a facilitar a ajuda humanitária, Guterres referiu que os vistos devem ser concedidos rapidamente à ONU e seus funcionários, lembrando que isso "significa também que os seus colaboradores são tratados com dignidade e respeito dentro do país no desempenho do seu trabalho fundamental".
"Qualquer nova escalada do conflito só tornaria a situação mais trágica", alertou ainda, indicando que 400 mil pessoas estão em situação de fome em Tigray e que a ONU ainda não tem acesso total a estas.
Guterres salientou que há também necessidades humanitárias nas províncias de Amhara e Afar e que o único corredor para chegar a Tigray está em Afar "onde o movimento é severamente limitado por postos de controlo oficiais e não oficiais, insegurança e outros obstáculos e desafios".
Em 1 de junho, o Programa Alimentar Mundial advertiu que um total de 5,2 milhões de pessoas, mais de 90% da população de Tigray, necessita de assistência alimentar de forma urgente devido ao conflito.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 100 mil crianças poderão sofrer de desnutrição aguda potencialmente mortal durante os próximos 12 meses - 10 vezes a média anual.