07 out, 2021 - 18:29 • Redação
O Prémio Nobel da Paz, que é anunciado na sexta-feira, é dos mais aguardados do ano. Para além do prémio de um milhão de dólares que a distinção acarreta para o vencedor, há o valor inestimável de entrar no lote de pessoas que foram reconhecidas por trabalhar pela paz na terra.
A escolha do Comité Nobel da Noruega surpreende frequentemente os analistas, mas este ano há novamente alguns nomes que estão no topo da lista, incluindo a ativista ambiental Greta Thunberg, Alexei Navalny e a OMS, entre outros.
Os candidatos são propostos por uma vasta rede de académicos, cientistas e políticos de vários países, incluindo antigos laureados.
A lista é secreta, mas este ano sabe-se que é composta por 392 nomes, o terceiro maior número de sempre.
Ao contrário dos outros Nobel, que são atribuídos pela Academia Sueca, o vencedor do prémio da Paz é escolhido pelo Comité Nobel da Noruega.
Há sempre uma lista de favoritos, embora não raras vezes este não acerte no vencedor. Este ano as principais apostas apontam para a OMS, Alexei Navalny, Svetlana Tikhanovskaya, os Repórteres Sem Fronteiras, Greta Thunberg e Joe Biden.
Este é o segundo ano em que a OMS consta da lista dos favoritos. A seu favor tem o facto de ter estado na linha da frente do combate à primeira pandemia global dos últimos 100 anos e de, ao longo do último ano, ter chefiado uma investigação polémica na China para tentar determinar a origem da doença.
Outro dado importante é a pressão que a OMS tem feito para que os países em desenvolvimento obtenham vacinas, incluindo através do programa COVAX.
Contudo, há um importante contra. O vencedor do ano passado foi o Programa Alimentar Mundial. Dar o prémio dois anos seguidos a agências da ONU parece uma possibilidade pouco provável.
A grande figura da oposição ao regime de Vladimir Putin tem fortes possibilidades de ser escolhido. Navalny tornou-se mais do que apenas um símbolo de resistência contra um regime em particular. A sua decisão de regressar à Rússia, depois de ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato, sabendo que poderia ser preso, como aliás aconteceu, deu-lhe um estatuto moral praticamente inabalável.
Claro que a escolha seria polémica. A Rússia acusaria o Comité de ter tomado a decisão por razões políticas – o que não seria inédito – mas os defensores da democracia na Rússia e em várias partes do mundo beneficiariam de uma bolsa de oxigénio para as suas causas na forma de atenção mediática e encorajamento.
Na mesma linha que Navalny, a face da oposição democrática na Bielorrússia é outra escolha possível. Tal como no caso de Navalny, a escolha de Tikhanovskaya motivaria protestos contra a alegada politização do prémio, mas com a vantagem de não hostilizar tanto Moscovo.
A seu favor, Svetlana Tikhanovskaya tem a forma como pôs toda a sua vida em cheque pela causa que defende. Mulher de Sergei Tikhanovskaya, Svetlana levava uma vida relativamente discreta antes de o seu marido ser detido pelo homem-forte da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.
Confrontada com a detenção do seu marido abandonou a sua vida de doméstica e mãe a tempo inteiro e lançou-se no combate político, candidatando-se à presidência do país em vez de Alexander e liderando o movimento pela democracia.
Os seus esforços valeram-lhe o exílio, mas nem isso a fez desistir. A partir da Lituânia continua a ser um espinho cravado na pele do regime autocrático de Minsk e a fazer campanha pela libertação do seu marido.
A jovem ativista contra as alterações climáticas tem sido apontada como possível vencedora do Prémio Nobel pelo seu papel na chamada de atenção para as causas ambientais e na forma como tem pressionado líderes mundiais a honrar os seus compromissos nesta área.
A sua juventude pode ser um fator negativo. O Comité Nobel já teve de lidar com mais do que um caso de prémios Nobel que mais tarde nas suas vidas agem de forma polémica, como aconteceu com Aung San Suu Kiy, no Myanmar, e com Abiy Ahmed, na Etiópia. Contudo, não seria a primeira vez que uma mulher muito jovem vence o prémio. Malala Yousafzai era um ano mais nova quando recebeu a distinção.
A seu favor tem ainda o facto de estarmos em vésperas da Conferências sobre Alterações Climáticas das Nações Unidas, a COP 26, que se realiza em novembro. A escolha de Greta enviaria uma importante mensagem aos países participantes.
A edição online da revista Time aponta ainda outras possibilidades para vencer o Nobel da Paz. Entre elas está a organização Repórteres Sem Fronteiras, que tem trabalhado na proteção da segurança dos jornalistas e na liberdade de expressão e Jacinda Harden, a primeira-ministra da Nova Zelândia, pela forma com lidou com a pandemia naquele país.