28 out, 2021 - 07:50
O tratamento da Covid-19 com o medicamento fluvoxamina reduz o risco de hospitalização prolongada em doentes de alto risco diagnosticados precocemente, revela um estudo publicado na revista científica The Lancet Global Health.
Uma equipa internacional de investigadores analisou os resultados referentes ao antidepressivo fluvoxamina no ensaio clínico 'Together', em curso no Brasil, que investiga a eficácia na Covid-19 de oito tratamentos reaproveitados.
Segundo a investigação, 741 participantes receberam 100 mg de fluvoxamina duas vezes ao dia durante dez dias e 756 participantes receberam um placebo, tendo sido observados durante 28 dias após o tratamento.
Dos 741 participantes que receberam fluvoxamina, 79 (10,6%) necessitaram de uma permanência prolongada por mais de seis horas num serviço de urgência ou hospitalização, contra 119 dos 756 participantes (15,7%) que receberam o placebo.
De acordo com a publicação na Lancet, os resultados demonstraram "uma redução absoluta" do risco de internamento prolongado ou cuidados de urgência prolongados de 5% com e uma redução de risco relativo de 32%.
"O uso de fluvoxamina para tratar em ambulatório doentes de alto risco diagnosticados precocemente com Covid-19 reduziu a necessidade de observação prolongada em urgência ou hospitalização, em comparação com o grupo de controlo que recebeu um placebo", referem os autores do estudo citados num comunicado da revista.
Para os investigadores, estes resultados representam "um passo importante" na compreensão do papel da fluvoxamina para os doentes em ambulatório com Covid-19, diagnosticado precocemente e sintomáticos, e reforçam o conceito de que é possível gerar provas rápidas e de alta qualidade durante a pandemia".
A fluvoxamina, um inibidor seletivo da recaptação da serotonina (SSRI) usado para tratar problemas de saúde mental, como depressão e transtornos obsessivo-compulsivos, foi escolhida para o estudo devido às suas propriedades anti-inflamatórias.
Os autores reconhecem algumas limitações no estudo, referindo que a fluvoxamina não está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde, enquanto a fluoxetina está, defendendo ser crucial estabelecer se estes fármacos podem ser utilizados de forma intercambiável, bem como determinar se a combinação de fluvoxamina com outros fármacos irá proporcionar um efeito maior de tratamento nesta doença.