29 out, 2021 - 10:10 • Marta Grosso
Falar nas Nações Unidas não é para todos. Chefes de Estado e de Governo são visitas habituais e depois há os convidados. Mas… um dinossauro? Frankie, o dinossauro surpreendeu todos a poucos dias da 26.ª conferência sobre alterações climáticas (COP26).
Os dinossauros terão sido extintos há cerca de 66 milhões de anos, alegadamente na sequência da explosão provocada pela colisão de um meteorito com a Terra. Ninguém melhor do que um dinossauro, por isso, para vir falar ao mundo sobre extinção.
Foi essa a ideia do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD – ou, na sigla em inglês, UNDP). Segundo esta agência especializada, todos os anos o mundo gasta quase 12 mil milhões de euros em subsídios para combustíveis fósseis para gerar eletricidade. São quatro vezes o valor que está a ser pedido para ajudar os países pobres a enfrentar a crise climática. E o triplo do valor anual necessário para erradicar a pobreza extrema global.
Em vez disso, alerta o PNUD, os milhões destinados aos combustíveis, pagos pelos contribuintes, resultam no aprofundamento da desigualdade e num travão contra as mudanças climáticas.
COP26
Francisco desafia os líderes mundiais a encontrar (...)
E é assim que chegamos ao #não escolha a extinção (#dontchooseextintion) e ao discurso de um dinossauro nas Nações Unidas para grande espanto dos presentes. A ideia original e até divertida não retira seriedade ao problema – pelo contrário, o objetivo é reforçar a importância da ação de todos, nomeadamente dos países mais ricos de desenvolvidos, e apelando à reflexão.
“Ao menos nós tivemos um asteroide” que causou a nossa extinção. “Qual é a vossa desculpa?”, questiona Frankie.
“Imaginem se [nós, dinossauros] tivéssemos
passado centenas de milhares de anos a subsidiar meteoritos gigantes. É o que
vocês estão a fazer! Neste momento, em que recuperam as vossas economias por causa
da pandemia, foi-vos dada uma oportunidade. É a grande oportunidade da
Humanidade. Por isso, eis a minha ideia:
salvem a vossa espécie antes que
seja tarde demais
. É altura de se deixarem de desculpas e começarem a mudar
comportamentos”, conclui o dinossauro.
A partir de 31 de outubro e até 12 de
novembro, mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas
e decisores públicos reúnem-se em Glasgow, na Escócia, na
26.ª conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP26), para atualizar os
contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de
estufa até 2030.
A COP26 decorre cinco anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de Covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7ºC.
“Os decisores políticos que vão participar na COP26 são chamados com urgência a encontrar respostas eficazes à crise ecológica em que vivemos, dando assim esperança às gerações futuras”, sublinhou o Papa nesta sexta-feira, numa mensagem difundida pela rádio BBC.
“Todos juntos podemos ter um papel na resposta coletiva à ameaça sem precedentes das alterações climáticas e da degradação da nossa casa comum”, reforçou ainda Francisco.
Milhares de especialistas, ativistas e decisores p(...)