09 nov, 2021 - 08:07 • José Pedro Frazão , Olímpia Mairos
A energia nuclear está a ganhar força, como solução preferida de muitos países, para alcançar a chamada neutralidade carbónica, em 2050, tida como essencial, para limitar o aumento da temperatura média global a 1,5 graus centígrados.
No dia em que arranca a presença da delegação do Parlamento Europeu na Conferência do Clima, em Glasgow, a eurodeputada portuguesa, Lídia Pereira, admite que o nuclear está cada vez mais incluído nas soluções propostas por diversos países europeus.
“O que pode vir a acontecer é que há uma margem ou uma certa flexibilidade na forma como se encara a energia nuclear. E, portanto, não sei até que ponto é que isso não acabará por resvalar porque o sentimento que nós temos hoje, na conversa com os vários grupos políticos e com as diversas delegações, é que, de facto, há uma grande onda de apoio à energia nuclear”, afirma a eurodeputada à Renascença.
Lídia Pereira mantém as suas reservas, “não só pela posição que tem sido adotada por Portugal e, em particular, pela questão que está bem próxima do nosso país – Almaraz”, mas, “sobretudo, por causa da gestão do lixo nuclear que continua a ser uma preocupação”.
Lídia Pereira é a única eurodeputada portuguesa incluída na delegação oficial do Parlamento Europeu. A quatro dias do encerramento das negociações, diz-se moderadamente otimista em relação ao desfecho da Conferência.
“Eu gostava de salientar o papel que a União Europeia tem tido, e que me parece que é um bom exemplo, uma vez que 27 países acordaram uma lei europeia do clima, o que significa que é possível haver uma aliança global de compromisso com os mesmos objetivos”, refere Lídia Pereira, acrescentando estar “cautelosamente otimista” em relação ao resultado final das negociações na conferência.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.