22 nov, 2021 - 09:11 • Filipe d'Avillez
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A Nova Zelândia vai começar a desconfinar depois de mais de três meses de confinamento.
O Governo aceitou que não será possível eliminar o vírus completamente e, por isso, vai começar a tratá-lo como um problema endémico, preferindo enfatizar a importância da vacinação entre a população.
Segundo a primeira-ministra Jacinda Ardern, no novo sistema será possível os vacinados levarem uma vida praticamente normal. As localidades serão classificadas com as cores do semáforo, com as vermelhas a sofrer maiores restrições e as verdes menos. O plano entra em vigor a partir de dezembro.
“A variante Delta chegou. Sei que alguns de vocês sentirão alguma ansiedade com estas alterações, mas posso assegurar-vos de que continuaremos a operar da mesma forma cautelosa que nos serviu tão bem até aqui. Estamos a chegar rapidamente à próxima fase do combate à Covid, que nos trará mais liberdades”, disse a primeira-ministra, citada pelo jornal britânico "The Guardian".
“A principal coisa que todos os neozelandeses podem fazer para se prepararem para o novo sistema é vacinarem-se”, conclui.
Com as novas regras, os vacinados têm acesso livre a restaurantes, bares, cabeleireiros e ginásios, mesmo nas localidades classificadas como de mais alto risco. As escolas também permanecerão abertas.
Para encorajar os cidadãos a vacinarem-se o Governo está a recorrer mesmo aos métodos menos ortodoxos. Entre os líderes comunitários que estão a aparecer em público para promover a vacinação estão os líderes dos maiores "gangs" da Nova Zelândia, os Black Power e os Mongrel Mob.
“Quis fazê-lo, e quero que o resto da nossa organização, em todo o país, saiba que o fiz. Sou um líder e lidero pelo exemplo”, disse recentemente Mark Pitman, líder dos Black Power, enquanto era vacinado diante das câmaras da 1 News, da Nova Zelândia, rodeado de outros membros do seu grupo.
Pitman, facilmente reconhecível apesar da máscara, por causa das suas tatuagens faciais, é um de vários membros de "gangs" que estão a ajudar o Governo a levar as vacinas às comunidades mais marginalizadas.
Segundo números oficiais mais de 90% dos neozelandeses já foram vacinados com uma dose da vacina, e 83% têm a vacinação completa. Contudo, os especialistas dizem que esses números refletem apenas os cidadãos que têm alguma relação com o sistema de saúde, pelo que os números reais estarão alguns pontos percentuais abaixo, provavelmente entre os 76% com uma dose e 69% com duas.
A percentagem é menor, contudo, entre as populações indígenas e os cidadãos mais pobres. É aí que os gangs, entre outros, podem fazer a diferença. O Governo até concedeu a alguns membros influentes o estatuto de “trabalhador essencial”, permitindo assim que circulem sem restrições para poder convencer membros dos seus grupos noutras partes do país a seguir o exemplo da vacinação.
A Nova Zelândia tem atualmente registo de cerca de 7.000 casos positivos de Covid e 39 mortos. O país continua com as fronteiras fechadas, isolado do resto do mundo.