29 nov, 2021 - 19:44 • Lusa
O casal de um espanhol e uma portuguesa, acusado esta segunda-feira pelas autoridades neerlandesas de terem “violado” a quarentena e tentado “fugir” num voo para Espanha, negam ter escapado do hotel e afirmam ter recebido autorização para partir, após dois testes negativos.
Carola Pimenta, 28 anos, e o espanhol Andrés Sanz, 30 anos, que vivem em Espanha, encontram-se “presos numa situação desumana, numa sala fria, sem informação” sobre o que vai acontecer, num hospital no norte dos Países Baixos, disse a portuguesa, citada pela agência espanhola Efe.
Segundo a mesma fonte, o casal tem sido “cooperativo em todos os momentos” e tem vindo a instar as autoridades sanitárias holandesas desde sábado a submetê-los a um novo teste PCR para despistar um possível falso negativo.
Além disso, explicou, ambos viajaram da África do Sul com um PCR negativo há menos de 24 horas. “Quando me disseram que o PCR que fizemos em Amesterdão era positivo, achei inacreditável, mas compreendi e perguntei sobre as regras que tinha de seguir. Mandaram-me para um hotel para quarentena e deixaram o meu parceiro vir comigo, apesar de ainda não ter recebido os seus resultados”, contou.
O resultado de Carola Pimenta chegou à meia-noite, mas Sanz não recebeu o seu - um resultado negativo – antes das primeiras horas da manhã, explicou.
“Foi estranho porque tínhamos estado juntos durante toda a viagem. Chamei o GGD (serviço municipal de saúde), expliquei a situação e pedi-lhes que nos testassem novamente porque poderia ser um falso positivo. Disseram-nos que não, que não existe tal coisa como um falso positivo”, acrescentou.
A polícia neerlandesa anunciou hoje que tinha detido um casal no aeroporto de Amesterdão, “depois de receber a informação de que duas pessoas tinham deixado o hotel onde estavam em quarentena obrigatória e que tencionavam deixar o país” e explicou que as tinha entregado às autoridades sanitárias.
A jovem tinha assinado um documento confirmando que tinha compreendido o protocolo a seguir e “dizia que se tivesse tido a covid-19 há menos de seis meses, teria de estar em quarentena durante três dias, e de qualquer modo já os tinha completado”, indicou.
Queixa-se de que foram “abandonados” desde o momento em que chegaram ao hotel e que ninguém lhes deu “sequer um termómetro” para monitorizar a sua temperatura, nem lhes perguntou como estavam ou se precisavam de informações de qualquer tipo, de acordo com a sua versão.
Quando o seu pedido de repetição da PCR não foi concedido, o casal solicitou ao representante do GGD no hotel um teste antigénio.
“Deram uma bicicleta a Andrés e disseram-lhe para ir comprar os testes ao supermercado, que podia sair porque não tinha dado positivo e que podia circular livremente. Foi tudo muito ridículo”, disse Pimenta.
Segundo a portuguesa, os dois testes deram negativo, pelo que falaram com o representante do GGD e um guarda do hotel para explicar a situação, mostrando-lhes os resultados de ambos os testes.
“E eles disseram-nos: 'Se estivéssemos na vossa situação, sairíamos daqui'. Perguntámos-lhes se estavam a falar a sério e que se saíssemos arriscávamo-nos a arranjar problemas, e eles garantiram-nos que não. Assim, chamámos o táxi à sua frente, mostrámos-lhes o bilhete, levámos as nossas coisas e partimos para o aeroporto”.
Uma vez dentro do avião e depois de passar pelos controlos, apareceu um polícia, que - segundo a jovem - lhe disse que estava presa e que o seu companheiro podia “regressar ao seu país”, mas este decidiu não a deixar.
A portuguesa contou que os agentes levaram-nos numa carrinha da polícia para a esquadra e depois libertaram-nos sem acusação, embora uma ambulância os tenha levado para o hospital onde, de acordo com as autoridades, estão agora a fazer um “isolamento obrigatório” sob vigilância, até nova ordem.