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Papa no Chipre

Nicósia, a única capital do mundo dividida. Português diz que “fronteira é um pedacinho difícil"

02 dez, 2021 - 07:40 • Cristina Nascimento

Desde 1974 que parte da cidade está sob jurisdição turca. Francisco vai estar a menos de um quilómetro do restaurante de um português que há quase 20 anos reside em Nicósia. Mas, foi pela Renascença que Paulo soube da visita do Papa.

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Será a única cidade que o Papa Francisco vai visitar no Chipre: Nicósia. Mas esta tem algo que a diferencia de todas as outras: é a única capital dividida por dois países.

Desde 1974 que o lado Norte da cidade está sob jurisdição turca e, até aos dias de hoje, é visível alguma tensão entre os dois lados. A começar pela presença de soldados das Nações Unidas.

Mas a divisão é ainda mais visível nas ruas que, tal como as estradas, são interrompidas. Há, no entanto, um ponto em que se pode passar a pé para o lado turco. Fica no fim de uma rua pedonal, onde estão presentes várias marcas internacionais. No fim da rua, para continuá-la até ao fim, temos que apresentar passaporte (e teste negativo à Covid-19).

Foi do outro lado que encontrámos Paulo Aguiar, 48 anos, há quase 20 no lado turco de Nicósia. Conheceu a mulher turco-cipriota em Londres, casaram e tiveram dois filhos. Decidiram então voltar à terra natal da mulher.

Quando vieram, decidiram que os filhos iriam frequentar uma escola internacional privada no lado cipriota grego.

“Todos os dias passávamos a fronteira, de manhã e à tarde. A fronteira é um pedacinho difícil”, reconhece. Obriga, por exemplo, a ter seguro para o carro para os dois lados da cidade.

Questionado sobre se o ambiente entre os dois lados é pacífico, Paulo também reconhece que “às vezes há alguma coisa tensa”, mas, diz, “habitualmente é normal”.

O Papa vai estar a menos de um quilómetro de Paulo, já do lado cipriota. Apesar disso, foi pela Renascença que o madeirense soube da vinda de Francisco.

Não sabe se pode ir ver o Papa e a sua vida de Igreja já teve dias mais preenchidos, mas Paulo diz-se católico.

“Sou católico, mas já há muitos anos que não pratico a minha religião. Quando estava na Madeira, tinha de ir à missa aos domingos com a minha mãe”, conta.

Quer de um lado da cidade, quer do outro, os católicos estão sempre em minoria. Mas Paulo garante que, nesse aspeto, a convivência é tranquila

“Nunca tive problema nenhum e estou aqui quase há 20 anos”, assegura.

Sobre o futuro, Paulo diz que ainda sonha voltar para Portugal e até já procurou casa em Lisboa, mas para já mantém-se no seu restaurante de cozinha latina.

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