05 dez, 2021 - 13:49 • Lusa
O líder da autoproclamada República Popular pró-Rússia de Donetsk disse ser real a perspetiva de haver uma guerra de grande escala com a Ucrânia no Donbass (leste histórico da Ucrânia).
“A possibilidade de serem retomadas ações militares de grande escala é real”, afirmou Denis Pushilin à agência de notícias russa Interfax.
Este responsável sublinhou que tanto as declarações dos líderes ucranianos e ocidentais como as tropas e armamento posicionados por Kiev, perto da linha de separação do Donbass, confirmam que “a Ucrânia está pronta” para entrar em ação.
“É difícil prever como vai evoluir a situação. Estamos a preparar diferentes cenários. Estamos a lidar com a Ucrânia, um país que perdeu a sua identidade depois de 2014 (revolução Euromaidan)”, referiu.
A revolução Euromaidan teve início em novembro de 2013 e consistiu numa série de manifestações civis devido à recusa do então Presidente, Víktor Yanukovych, assinar um acordo de associação com a União Europeia. A agitação, que levou à queda do Governo do Presidente, provocou mais de 100 mortos.
“As nossas unidades militares estão em forma e dispostas a repelir a agressão”, garantiu Pushilin, admitindo que as opções para o pleno cumprimento dos Acordos de Paz de Minsk “são praticamente inexistentes”.
Moscovo tem vindo, contudo, repetidamente a negar (...)
“Honestamente, não acredito no cumprimento total dos Acordos de Minsk. Se olharmos para os documentos, o culpado é a Ucrânia. Porque é que Donetsk e Lugansk têm de abandonar os acordos?”
Os acordos de Minsk foram assinados em 2015 para travar os confrontos nas províncias separatistas do leste da Ucrânia Donetsk e Lugansk, que tiveram início após a anexação da península da Crimeia pela Rússia, em março de 2014.
Denis Pushilin reconheceu, no entanto, que o atraso na implementação dos acordos permitiu à separatista República Popular de Donetsk “criar o seu próprio Estado”.
Pushilin disse acreditar que a República Popular de Donetsk não vai precisar recorrer a ajuda militar da Rússia e da Bielorrússia, embora tenha acrescentado que “nada pode ser descartado”.
O responsável considerou “absurdo” acusar a Rússia de concentrar tropas na fronteira com a Ucrânia, numa altura em que antecipa que “todos os habitantes” da sua república receberão a cidadania russa.
A Ucrânia acusou a Rússia de concentrar entre 90.000 e 100.000 soldados na fronteira para atacar o seu território durante o inverno.
De acordo com os serviços de informações dos Estados Unidos, apoiados em imagens de satélite, a Rússia planeia aumentar a sua presença militar na fronteira com a Ucrânia para 175 mil militares. Moscovo, por seu lado, acusou Kiev de estacionar 125 mil militares no Donbass, ou seja, metade das Forças Armadas ucranianas.
A tensão na Ucrânia será abordada na terça-feira numa cimeira virtual a ser realizada pelos Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos EUA, Joe Biden.