06 dez, 2021 - 03:47 • Lusa
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A insuficiência dos registos civis em África poderá excluir milhões de pessoas da vacinação contra a covid-19 por falta de acesso a documentação e serviços de saúde. A conclusão consta do mais recente estudo da Fundação Mo Ibrahim.
Segundo o estudo "Covid-19 na África: um caminho difícil para a recuperação", mais de 50% das crianças nascidas em África não tem existência legal por falta de registo, serviços que foram perturbados ou interrompidos durante a pandemia.
Estimativas dos autores indicam que o número ultrapassará 100 milhões de crianças sem registo até 2030 se não houver investimento neste serviço público.
Sem registo civil, os cidadãos não têm documentos de identificação nem acesso aos serviços de saúde públicos, o que, por consequência, pode inviabilizar o acesso à imunização.
"Enquanto não houver dados relevantes e robustos, é muito difícil definir uma política pública e avaliar se ela está a ir na direção certa. É por isso que criámos o Índice Ibrahim de Governação Africana e temos defendido constantemente no últimos 10 anos o investimento nos sistemas de registo civil", afirmou a diretora executiva da Fundação Mo Ibrahim, Nathalie Delapalme.
"O impacto da covid-19 trouxe à tona um espectro de desafios complexos de governação que as nações africanas enfrentam", vincou o presidente da Fundação, o empresário e filantropo sudanês Mo Ibrahim, que espera que o estudo ajude políticos, setor privado e sociedade civil a "colocar África de volta no caminho da recuperação".
O estudo agora divulgado cita a Organização Mundial de Saúde, que estima que o número de casos de infeção e mortes associadas à covid-19 no continente estão bastante acima do que é notificado oficialmente.